sexta-feira, 9 de outubro de 2009

teo-logia






Sempre quis escrever algo de teologia. Talvez até já tenha escrito algumas coisas, como as primeiras reflexões nesse blog mesmo.

Outro dia conversando com minha mãe, ela me disse que meus textos demonstram um tipo de "tristeza". Achei o comentário interessante, e não sei até onde seja totalmente válido.

Comentei com ela que acho que estou falando as mesmas coisas só que de formas diferentes. Uma teo-logia, mais falando do "Teo" como o entendo, e esquecendo um pouco a "logia", o "logos" tão famoso devido à sua pertença ao campo do puramente racional, descrito sob a regência das leis da lógica e tudo que vem junto no conjunto.

Talvez a parte da "logia" não seja a mais interessante ao se falar em teo-logia.

Acho que prefiro falar do "teo". Teo, do grego, Deus.

Mas esse Deus do qual eu falo, é muito humano. Se revela de várias formas, em vários gestos, não necessariamente carece de uma transcendência para se revelar. Precisa apenas da figura do outro, da figura do próximo para que ele se revele, um Deus mais humano que transcendente.

Entendo Deus mais como "sentido" do que como "ser". Ah duas categorias tão usadas na filosofia. Principalmente a categoria do "ser". Cometo talvez um erro filosófico ao colocar o "sentido" enquanto categoria, mas o que quero enfatizar é que prefiro pensar Deus como "sentido último" do que como "ser".

Alguns teólogos não gostam dessa visão. Não conseguem pensar Deus enquanto sentido, mas apenas como Ser. O ser que funda todos os outros seres para falarmos próximos a São Tomás de Aquino.

Penso que talvez esse Deus pensado como "ser" tenha causado muitos problemas em vários campos religiosos, ao passo que se compreendemos deus enquanto "sentido", o diálogo inter-religioso fica mais agradável e possível de uma maneira que não seria possível apenas com a categoria de "ser".
Por sentido, entendo não apenas qualquer sentido, mas um "sentido último" do ser humano. Deus enquanto sentido, não precisa existir de fato, para que o sentido seja válido. Coisa que na categoria de ser, a existência é quase que um requisito básico.

Talvez meus textos mais recentes falem de um "teo" pouco compreendido. Um "teo" que se manifesta no próximo. A idéia do salmista: "Sois deuses", evidenciado na figura de todo aquele que teria um campo de ação maior que o meu e o usaria para que eu possa viver de forma mais humana. (Isso me lembra o bom samaritano).

Gosto de falar desse "teo". Esse deus tão próximo, "absconditus", mas que se revela assim como a beleza dos dias nublados. Assim como a beleza das pessoas, que, assim como dias nublados, são belas, se compreendidas. Pessoas, essas que sempre que podem, independente da religião a que pertencem, agem como "deuses" em nossas vidas. Revelam um deus próximo, é como se elas dissessem: "Quem vê a mim, vê o pai".

Como a maioria sabe, não falo de Deus em vários textos meus. Os textos de setembro, e os de outubro até agora falam apenas de experiências. Talvez experiência de Deus, mas apenas se for esse deus que se revela no humano. Falo de amizade, falo de mim.

Talvez esteja dizendo uma "heresia". Mas antes que me condenem (novamente) de herege, digo que "heresia" é apenas uma questão de poder. Os fortes são os ortodoxos, os fracos, os hereges.

Conheço alguns que dirão que "enfraqueci" demais a idéia de Deus. Que o coloquei como qualquer um que pode fazer algo de bom para me ajudar. Deus enquanto sentido abre para horizontes talvez fechados para a noção de Deus enquanto ser. Penso que ele enquanto sentido, esteja mais próximo de nós.

Poderia me estender mais falando sobre a noção de "sentido" a que me refiro, mas isso tornaria o texto extremamente cansativo para várias pessoas.

Fica aqui apenas uma sugestão para uma possível leitura sobre Deus.

Algo a se refletir.