Kant já dizia que o céu estrelado sobre ele era algo que ele admirava enormemente. Como ele mesmo dizia em sua crítica da razão prática: "Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e frequentemente o pensamento dela se ocupa:o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim." Hoje com todo conhecimento que temos sobre o espaço, as estrelas, etc. para mim me faz maravilhar ainda mais com o céu estrelado. Pensar que quando olho para uma estrela estou contemplando algo que pode nem mais estar ali, que na realidade o que vejo é sempre o brilho do passado que aparece para mim agora sempre me deixa maravilhado. É intrigante pensar que aquilo que vejo às vezes já morreu há bilhões de anos atrás, mas apenas agora mostra a sua face. Como não lembrar do inconsciente freudiano que faz isso acontecer dentro de nós o tempo todo? Aquilo que julgávamos morto reaparece trazendo suas implicações em diversas áreas da nossa vida, e quando olhamos atentamente percebemos que na realidade aquilo que agora se mostra sempre esteve lá de alguma forma e está constantemente se atualizando em nós a cada dia.
Como a luz da estrela que chega até nós vindo de tão longe, mostrando a nossa pequenez diante do universo, nos apontando para a memória do que um dia já foi, mas que nunca conheceremos, assim talvez nós estamos condenados a ter de nós mesmos apenas vislumbres, nunca nos sendo permitido conhecer o que, ou onde tudo começou em nós. Se Kant equiparava o céu estrelado à lei moral que estaria dentro dele, eu prefiro comparar o céu estrelado ao inconsciente que eu sou, ex-timo, sempre se atualizando e brilhando, mas por isso mesmo apontando apenas para uma parcela de mim, mas nunca a minha/sua totalidade.