Talvez descobriríamos que as coisas que realmente importam não podem, nem poderiam ser descritas em palavras
Talvez veríamos que não há problema algum na mediocridade, contando que nem sempre há um sentido em tudo o que fazemos.
Talvez entenderíamos o que a fé realmente representa. Um salto no escuro onde não temos garantia nenhuma, exceto nossa mera entrega. Veremos que não importa o que dizemos, mas sim como agimos.
Talvez entenderíamos que nossas palavras não são para nós, mas para os outros. Que a própria árvore não se alimenta de seus próprios frutos, mas dão a outros o alimento que várias vezes é tão escasso.
Talvez entenderíamos que o fruto que geramos é para gerar vida em outros. Se esse fruto se dará em palavras, ou em ações, para quem irá comer do fruto pouco importa. O que o outro quer é se alimentar, é encontrar um outro alguém que talvez passe o mesmo que ele, e mesmo assim consegue extrair alguma beleza para além da situação visível.
Há uma frase da Adélia Prado onde ela cita que "Amor feinho é igual fé. Uma vez encontrado, não teologa mais".
O importante não é o que se fala sobre Deus, mas como se vive Deus. Se a esperança não se concretizar, se o banco estiver vazio, se o mundo não tiver sentido, se o vôo da menina com as borboletas não existir, mesmo assim teríamos que imaginar um Sísifo feliz. (Sísifo, o deus que foi condenado a mover uma pedra até o cume do morro, mas sempre que ele chegava perto do cume do morro, a pedra rolava morro abaixo novamente, e ele tinha que começar tudo de novo. Esse era o seu castigo para toda a eternidade).
Mesmo assim teríamos que viver nossa vida da melhor forma possível, sempre sabendo talvez que a esperança nunca se concretizará, sabendo que talvez nossa busca de sentido seja absurda, sabendo que talvez sejamos como Sartre diria: "Uma paixão inútil".
Talvez esse seja o maior desafio da fé. Se lançar no escuro, sabendo que talvez, não encontraremos nada onde pensávamos que encontraríamos.
A mediocridade então se converte em fé, se converte em esperança de que lançando o pão sobre as águas, ou lançando as palavras sobre o blog, elas serão repartidas com 7 ou até com 8, e depois de muitos dias a acharemos.
E talvez quando elas voltarem, voltará o sentido que foi o gerador delas, e então verás que na realidade o vazio era porque elas se foram e pareciam que não voltariam. Mas elas relembram de onde saíram e retornam trazendo junto consigo a alegria que levaram aos outros.
As respostas estão na interatividade entre a dialética e a prática das idéias. Teremos o sentido prático daquilo que acreditamos na interatividade democrática com o outro. Nunca teremos todas as respostas, mas a eterna busca delas nos faz vivos e felizes. abraços!!!
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