segunda-feira, 3 de maio de 2010

Aula sobre o tema "Quem é Deus?"




Este texto foi feito para uma introdução às aulas de uma escola dominical que daríamos no ano de 2009. Reli o texto e achei que seria interessante postá-lo. Espero que o achem interessante. Esse texto serviu como início para boas discussões.


Aula sobre “Quem é Deus?”

Primeiramente antes de tentarmos esboçar respostas sobre a pergunta é bom que entendamos de onde estamos partindo. Ao se fazer a pergunta : “Quem é Deus?” já estamos pressupondo algumas coisas. Ao perguntar pelo “quem”, estou já pressupondo que se trata de uma pessoa, do contrário perguntaria “o que?” e não “quem?”. Quando coloco Deus em letra maiúscula, acabo por remeter ao conceito de monoteísmo, uma vez que poderia perguntar pelos deuses e não por um deus específico. O verbo de ligação “é” me situa por alguém que pergunta pela essência, ou traço mais distintivo desse objeto do nosso estudo. Portanto a pergunta feita da forma que está feita sugere esses três pressupostos. No entanto, poderia perguntar “O que são os deuses?” Mas se faço a pergunta por “Quem é Deus?” já pressuponho que trataremos de um tema específico, dentro de uma cultura específica, visando um fim específico.

Por nos encontrarmos dentro de uma instituição cristã, e se tratar de uma escola dominical, acredito que limitaremos a nossa pergunta ao Deus cristão. Sabemos que existem vários deuses, que cada um deles representa uma série de coisas, e que cada um deles é adorado por vários grupos distintos ao redor do mundo. Não entraremos no mérito de discutir se há alguma convergência entre o deus cristão e os outros deuses, uma vez que o assunto é muito extenso, bem como é um terreno muito árido e pouco trilhado dentro da igreja evangélica brasileira.

O conceito de deus é um conceito genérico. Por Deus podemos entender alguém que tem um campo de ação, ou um nível de ação maior, ou mais qualificado que o homem. Deus portanto é algo ou alguém que pode fazer coisas que para os homens seria impossível ser feito. Assim como narrado no evangelho. “O que é impossível aos homens, é possível para Deus.” Portanto um deus tem essa característica, i.e, pode agir num nível maior que o humano, e por isso mesmo é ele adorado por aqueles que o serve.

No entanto, como dissemos antes, o conceito de deus é genérico e portanto pode ser aplicado a todos os deuses dentro do mundo. Sabemos também que o conceito de deus é histórico e historicamente construído tendo por isso mesmo sofrido várias alterações no decorrer da história. Deus, desde os hindus, (primeira religião sistematizada que conhecemos) era visto como um ser que possuía características excepcionais. No caso específico do hinduísmo, havia vários deuses, e cada um representava algo, era uma sociedade politeísta.

É bom fazermos uma distinção entre a esfera do sagrado e a esfera do divino. O divino é posterior ao sagrado. Vemos em várias comunidades primitivas adorações aos totens, bem como a veneração de algum animal ou algo que, segundo eles, teria um campo de ação maior que o humano. A sacralização portanto não precisa ser atribuída a uma divindade, mas o que vemos é que, a divindade provém de um refinamento do aspecto sagrado.

O que começa com uma adoração da natureza, passa com o tempo à adoração de uma “pessoa” que está para além do homem. Para se tratar do deus cristão, o ponto de partida é o relato bíblico de onde vem a maior parte das nossas concepções sobre o deus que servimos. Na Bíblia, Deus é o único Deus verdadeiro e digno de ser adorado. Esse Deus dos israelitas se revelava de várias formas, no antigo testamento. Mas sempre que perguntado sobre seu deus, o povo de Israel respondia: “O nosso Deus é aquele que nos tirou da terra da escravidão, nos conduziu pelo deserto, nos deu o maná etc...” Deus era revelado pelos seus atos na história do povo de Israel.

O Deus do israelita era um Deus que agia na história e que tinha como meta a libertação do povo de Israel. Deus portanto era agente na história do povo. Esse Deus que não muda, continua sendo portanto um deus que age na história. O evento mais marcante desse Deus que age na história é a vinda de Jesus. Em Jesus, Deus se revela na história da forma mais própria. Jesus representa portanto esse Deus revelado na história, agora não mais apenas do povo de Israel, mas um Deus revelado a todo aquele que crer.

Em Jesus, a libertação do povo acontece de forma visível por meio das curas, dos milagres, e de todas as outras coisas feitas por Cristo enquanto estava na Terra. Deus portanto continua se revelando ao povo na história, visando sempre a libertação deste. Jesus antes de morrer na cruz e ressuscitar disse aos discípulos que enviaria um consolador. Esse consolador é o espírito Santo enviado da parte de Deus para convencer o homem do pecado, da justiça, e do juízo.

O Deus cristão que será objeto do nosso estudo, será esse Deus que age na história e que por meio de Jesus consuma seu plano de salvação do homem na história, e por meio do espírito santo consola o homem para que ele possa viver da melhor forma possível aqui na terra, visando à instauração do reino de Deus. “Venha a nós o teu reino.”

Como passo didático iniciaremos o estudo sobre Deus por meio dos atributos de Deus.

Em teologia sistemática, não tem como falar sobre Deus a não ser por meio de seus atributos. A única saída seria a teologia negativa onde poderíamos falar o que Deus não é, mas nunca o que ele é, uma vez que Ele, em essência, seria indizível.

Mas aqui, não tomaremos por base a teologia negativa, mas sim, partiremos da idéia da associação entre atributos de Deus e Deus em si. Sabemos que tal associação em si é arriscada, no entanto, esperamos ter nela um bom ponto de partida, sabendo sempre que como qualquer ponto de partida, sempre pode haver outro em outro lugar, talvez mais bem colocado que o nosso.

Estudemos o tema então...



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