quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Diga uma palavra e ficarei curado !
É noite. aguardo algo novo, mas nada acontece.
Talvez uma ligação, talvez uma mensagem de texto, mas nada acontece
Fale comigo ! Mostre-me que se importa ! Não sejas apenas mais uma pessoa na multidão.
Multidão sem rosto, sem identidade, sem individualidade.
Multidão igual àquela entre a qual Jesus andava.
Por favor não seja isso !!!
Seja alguém que me incomode.
Seja como a viúva que importuna o juiz, como a mulher com hemorragia que empurra a multidão para tocar em Jesus, como Bartimeu que grita e faz Jesus mudar sua trajetória, seja o centurião que me interrompa no caminho, pedindo que faça algo que não estava planejado.
Seja alguém que me liberte.
Mas seja também alguém que sorri pra mim, alguém que veja minha angustia, alguém que contemple meu sofrimento diante de meus gestos mudos, diante de minhas poucas palavras.
Seja alguém que compreenda, alguém que me entenda, que me responde, que me pergunte, que questione minhas ações. Que me veja.
Seja essa pessoa.
Seja talvez esse telefonema no meio da noite, seja essa mensagem de texto que alegrará meu coração, seja isso.
Queira ser isso.
Como é difícil se expressar. Como é difícil se mostrar ao outro, como é difícil às vezes ser a palavra que liberta das trevas a alma do próximo. Quer esse próximo seja físico, ou metafórico.
Temos que aprender a usar as palavras. Dizer essas palavras que mudam o dia, a vida de alguém.
Falo talvez como o centurião: - Diga apenas uma palavra e ficarei curado !!!!
Fale comigo ! Diga que se importa !
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Confissões de um domingo...

Como gostaria que estivesses aqui !!!
Ah como gostaria
Procurei em vários lugares, em casa não estavas, saí pra tentar te achar, mas não encontrei.
Meu coração permanece triste, sem consolo, querendo talvez sua palavra amiga my friend.
Por que não estás aqui? Estou rodeado de tantas pessoas, no entanto, sozinho, triste, coração abatido.
Como gostaria que estivesses aqui !!!
Talvez a jornada seria mais fácil, talvez os dias seriam mais alegres, talvez o sorriso voltaria ao meu coração e não ficasse apenas em meus lábios.
Talvez me alegrasse novamente com as músicas alegres, talvez a vida pareceria mais florida,
talvez em meio ao barulho que me rodeia encontraria o silêncio do seu olhar que falaria mais alto que todas as vozes sem sentido que ouço.
Talvez seja isso, preciso de um olhar, preciso saber que olha para o meu coração e transforma o choro em riso.
Ah como gostaria que estivesses aqui !!!!
Olhe pra mim, esteja ao meu lado, seja a palavra amiga que me falta, seja estes olhos que vê meu coração aflito, seja meu conforto durante a dura tempestade que cerca minha alma.
Por favor evangélicos de plantão, não me venham falar que devo procurar esse olhar na vertical.
Preciso de horizontalidade, preciso de humanos.
Sei que encontro Deus no outro.
Ah quantas vezes Ele se fez tão presente pra mim através do outro.
Quantas vezes encontrei esse Deus em ti my friend, quantas vezes você já abriu portas que eu jamais conseguiria abrir por mim mesmo.
Quantas vezes tua palavra foi luz para os meus pés...
As vezes foram palavras simples, as vezes singelas, mas sempre trazendo vida.
Ah como gostaria que estivesses aqui !!!!!!!
sábado, 19 de setembro de 2009
Um encontro de dois mundos

Descrevo talvez um momento mágico.
Algo aconteceu naquele dia, dois mundos distantes se encontraram.
Não sei o que levou aqueles dois mundos se encontrarem, não sei qual foi a palavra mágica que trouxe um para próximo do outro, só sei que algo aconteceu, que eles se encontraram.
Se encontraram em meio a vários mundos, permaneciam anônimos perante todos os outros mundos, porém algo grande estava acontecendo, eles não sabiam, mas quando eles se encontraram se viram muito próximos um do outro, se viram pertencentes a um mesmo universo. Se viram unidos por uma certa cumplicidade, um certo desejo de se encontrar, uma certa evasão de algo que talvez estivesse preso querendo se libertar por meio do diálogo.
Os mundos se confessaram inseguros, adolescentes querendo respostas, procurando afinidades, buscando companhia em um universo várias vezes tão frio. Se mostraram abertos ao outro, se viram "iguais" em várias experiências.
A experiência daquele encontro foi sui generis, um encontro aleatório, não tinha sido planejado, contravensão do tempo, luta contra uma lógica das coisas.
Talvez fosse hora disso acontecer, talvez fosse hora da distancia acabar, talvez a proximidade física deveria ser suplantada pela proximidade dos corações, afinal é essa proximidade que nos faz pertencentes a um mesmo universo.
E assim dois mundos tão próximos fisicamente, se tornam próximos de coração, se tornam companheiros na jornada de repetições em torno de objetivos.
Objetivos esses que podem ser diferentes, mas que se assemelham na forma de alcançá-los.
Momento mágico porque subverte a ordem das coisas, quebra de paradigmas, encontro de risos, alegria, alimento para o corpo e para a alma.
Beleza das coisas simples, beleza dos encontros aleatórios que dão sentido à nossa vida. Beleza da arte do diálogo. Diálogo este tão simples, porém revelador, algo tão singelo, porém, elucidativo. Sem etiquetas, sem "teatros", sem medo, sem pudores, nada a esconder, tudo a revelar.
Não dá pra explicar, simplesmente aconteceu.
Dois mundos se encontraram.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Enquanto tomava um copo de chá

Onde eu trabalho há dois tipos de bebida disponível. O café, bem forte e amargo, e o chá, bem ralo e doce.
Sempre, portanto, há duas opções para quem quer beber alguma coisa. Somos livres para escolher tomar o café ou o chá.
A maioria das pessoas que conheço preferem o café, talvez seja cultural, talvez algo do mero hábito mesmo... não sei. O que sei é que a maioria das pessoas que conheço tomam o café.
O chá já é menos apreciado, as pessoas o acham muito doce, muito sem graça. Dá pra ver o fundo do copo ao tomarmos o chá. Já o café não. Vemos apenas o café, nada além dele, apenas aquilo que aparece na superfície.
Talvez essa seja uma boa aproximação do nosso convívio com os outros. Podemos ser como o chá, ou podemos ser como café.
As pessoas que são como café, são pessoas muito turvas, nunca sabemos o que se passa no interior de si, nunca conseguimos ver além da superfície, nada além daquilo que se mostra a primeira vista. Como o café do meu serviço, várias dessas pessoas se tornam amargas por não conseguirem compartilhar o que há no seu interior. Não conseguem compartilhar suas angústias, seus medos, não conseguem ser transparentes como o chá.
Já o chá é o contrário. Com ele conseguimos ver o fundo do copo. Conseguimos mergulhar no interior e vê-lo como ele realmente é. Vemos aquilo que o sustenta, vemos o copo no fundo. São pessoas que se mostram, que são transparentes, que não se preocupam em parecer fracas demais, doces demais, pessoas que amam sem cerimonia, que se expressam, que falam de seus sentimentos... Enfim, pessoas doces e não amargas. Pessoas transparentes, límpidas.
Infelizmente o que mais vemos são pessoas agindo como café. Elas preferem ser igual o café. Preferem o amargo da aparencia, à beleza do interior, e sob essa "máscara turva" criada, trazem consigo o gosto amargo daquilo que não conseguem digerir em si próprios.
Meu desejo é ser como o chá. Ser transparente, deixar me transparecer aos outros. Não quero ser café. Prefiro a doçura da profundidade, à amargura da superficialidade.
Talvez seja um bom objetivo para todos nós.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
desejos a um casal amigo

Espero que nessa nova fase que se inicia na vida de vocês, vocês possam se conhecer melhor, possam aprender a amar um ao outro a cada dia, possam aprender a lidar com os problemas.
Que vocês aprendam o gosto de ouvir uma boa música juntos, compreender a beleza de se passar um dia inteiro com a pessoa que se ama. Que aprendam, que nem sempre é preciso estar com a razão, que nem sempre a sua opinião tem que valer.
Aprendam que amor tem muito pouco a ver com autoritarismo, com cuidado excessivo. Compreendam que amar significa deixar o outro livre, significa cuidar na medida certa, nem excesso de protencionismo, nem desleixo. Virtude.
Espero que agora que vem o início de sua vida a dois que vc possa ter paciencia, pois assim como diria o Riobaldo do Grandes Sertões Veredas, "Deus é paciência, o resto é o diabo", que vc possa ter paz, alegrias, que as palavras que serão ditas possam ser palavras que tragam vida, palavras que ressuscite os mortos, que fortaleça os fracos.
Que vcs possam ser um. Realmente um. Uma mente, um só coração, um só objetivo. Mas ao mesmo tempo que vcs sejam dois. Pessoas singulares, que mantém sua individualidade, que não se anulem em prol do outro. Que não abram mão de seus valores.
E que vcs sejam muitos, que a vida de vcs sejam exemplo e se multiplique para todos aqueles que terão vcs como exemplo.
Esse é o meu desejo pra vcs.
Que vocês aprendam o gosto de ouvir uma boa música juntos, compreender a beleza de se passar um dia inteiro com a pessoa que se ama. Que aprendam, que nem sempre é preciso estar com a razão, que nem sempre a sua opinião tem que valer.
Aprendam que amor tem muito pouco a ver com autoritarismo, com cuidado excessivo. Compreendam que amar significa deixar o outro livre, significa cuidar na medida certa, nem excesso de protencionismo, nem desleixo. Virtude.
Espero que agora que vem o início de sua vida a dois que vc possa ter paciencia, pois assim como diria o Riobaldo do Grandes Sertões Veredas, "Deus é paciência, o resto é o diabo", que vc possa ter paz, alegrias, que as palavras que serão ditas possam ser palavras que tragam vida, palavras que ressuscite os mortos, que fortaleça os fracos.
Que vcs possam ser um. Realmente um. Uma mente, um só coração, um só objetivo. Mas ao mesmo tempo que vcs sejam dois. Pessoas singulares, que mantém sua individualidade, que não se anulem em prol do outro. Que não abram mão de seus valores.
E que vcs sejam muitos, que a vida de vcs sejam exemplo e se multiplique para todos aqueles que terão vcs como exemplo.
Esse é o meu desejo pra vcs.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
em defesa de marta
A letra mata, mas o espírito vivifica
"Disse Jesus: Teu irmão ressucitará.
Respondeu Marta: Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia." Jo 11:23,24
"Respondeu-lhes Jesus: Marta, Marta, estás ansiosa e preocupada com muitas coisas, mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada."
Lc 10:41
"O filho do homem será entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, e três dias depois ressurgirá. Eles, porém, não compreendiam esta palavra, e o receavam interroga-lo." Mc: 9:31,32
Queria falar um pouco sobre Marta. No episódio referente à morte de seu irmão ela tem um diálogo interessante com Jesus sobre a ressurreição.
Como sabemos, na época de Jesus, o conceito de ressurreição ainda não estava consolidado, tanto que os discípulos não entendiam quando ele falava que iria morrer e ressuscitar no terceiro dia. O significado dessas coisas lhes estava oculto. Eles não compreendiam. O que nos levaria a pensar que talvez o conceito de ressurreição seria conhecido por apenas uma parte mais intelectual da população, ou por quem tivesse algum tipo de estudo mais elaborado.
Essas conclusões sobre o conceito de ressurreição, e sua evolução desde o Antigo Testamento, pode ser consultado no maravilhoso livro do Robert Martin-Archad "Morte e Ressurreição no Antigo Testamento"
No entanto, Marta demonstra compreender o conceito de ressurreição. (Talvez ela teria um contato com a intelectualidade da época, ou coisa do tipo) Ela expõe pra Jesus esse conhecimento ao afirmar que sabe que seu irmão ressuscitará no último dia.
Algo interessante que acontece com Marta é que quando Jesus está em sua casa, ela se preocupa em servi-lo, i.e, fazer as honras da casa, enquanto Maria se preocupa em ouvir aquilo que sai da boca de Jesus. Jesus a adverte falando que ela está preocupada e ansiosa com muitas coisas que não eram necessárias.
Penso que várias vezes nós estamos preocupados com várias coisas que não são necessárias. Dominamos os conceitos sobre vida, morte, ressurreição, salvação, fé, mas ficamos como quem "apenas observa o vento" como diria o Eclesiastes. E para estes, o próprio Eclesiastes afirma que "nunca segarão" (Ec: 11:4).
Preocupamos-nos demais em saber definir as coisas e esquecemos de viver o "espírito da palavra". Não adianta conhecer a letra se não vamos viver a palavra.
Os discípulos tinham essa vantagem. Eles não conheciam a letra, mas viviam a palavra. (Não estou defendendo aqui a ignorância em relação aos conceitos, acho que eles são extremamente importantes, no entanto, penso que o mais importante é viver a palavra ao invés de dominar a letra).
Marta dominava a letra. Tinha fé de que o seu conceito era verdadeiro e ele se concluiria no dia da ressurreição dos mortos, e por isso que quando Jesus pede para removerem a pedra, ela é a primeira a dizer: "Mas Senhor, já cheira mal, já se passaram 4 dias". (Segundo Martin-Archad, haveria a crença de que a alma rondava o corpo do morto por três dias e que durante esse período, a alma do morto poderia "voltar").
(Talvez daí, a justificação de Jesus ter aparecido apenas no quarto dia. Vindo quando toda a esperança já teria ido embora, vindo quando a morte reinava, trazendo ressurreição e vida, i.e, trazendo a si mesmo por Lázaro, alusão ao que Ele fez na cruz. Trouxe a si mesmo por nós, trazendo a ressurreição e a vida.)
Jesus responde: Não te disse, que se creres verás a glória de Deus?"
Há uma desconstrução da ordem das coisas na fala de Jesus. A ressurreição não se dará apenas no último dia, mas onde Jesus está, pode haver ressurreição.
Daí sua fala anterior para Marta, "Eu sou a ressurreição e a vida".
As palavras de Jesus para Marta visam gerar em Marta a desconstrução das coisas. Marta fazia o que era certo. Ela cria no que era certo. Ela servia Jesus em sua casa como toda boa anfitriã deveria fazer. No entanto, faltava o conhecimento do que era o mais importante. Faltava compreender que a ordem das coisas é construída por nós, e às vezes ela deve ser quebrada para que o espírito suprima a letra, e possamos nos achegar e prestar atenção ao que realmente importa. O conceito que temos das coisas, a preocupação em agirmos de acordo com as etiquetas que aprendemos, tudo isso fica vazio diante da Palavra que dá vida.
Talvez a única coisa que possamos fazer é ouvir a Palavra que nos dirá o que quer que façamos para transformar o mundo em Reino de Deus. E a partir daí agiremos. Não mais como quem simplesmente detém a letra, não mais como quem "sabe o que tem que fazer", mas como alguém que compreendeu o sentido das coisas, como alguém que se vê impelido por essa Palavra a transformar o mundo.
Penso que só compreenderemos isso se andarmos com Jesus como seus discípulos fizeram, nos achegarmos a Ele como Maria fez, e só depois agirmos como Marta.
Mas agora uma Marta melhorada. Não aquela que apenas domina os conceitos e faz o que deve fazer, mas agimos como quem conheceu o sentido das coisas, assentou-se aos pés do mestre e detém o conhecimento dos conceitos.
Proponho que esta Marta melhorada seja um exemplo para nós.
"Disse Jesus: Teu irmão ressucitará.
Respondeu Marta: Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia." Jo 11:23,24
"Respondeu-lhes Jesus: Marta, Marta, estás ansiosa e preocupada com muitas coisas, mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada."
Lc 10:41
"O filho do homem será entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, e três dias depois ressurgirá. Eles, porém, não compreendiam esta palavra, e o receavam interroga-lo." Mc: 9:31,32
Queria falar um pouco sobre Marta. No episódio referente à morte de seu irmão ela tem um diálogo interessante com Jesus sobre a ressurreição.
Como sabemos, na época de Jesus, o conceito de ressurreição ainda não estava consolidado, tanto que os discípulos não entendiam quando ele falava que iria morrer e ressuscitar no terceiro dia. O significado dessas coisas lhes estava oculto. Eles não compreendiam. O que nos levaria a pensar que talvez o conceito de ressurreição seria conhecido por apenas uma parte mais intelectual da população, ou por quem tivesse algum tipo de estudo mais elaborado.
Essas conclusões sobre o conceito de ressurreição, e sua evolução desde o Antigo Testamento, pode ser consultado no maravilhoso livro do Robert Martin-Archad "Morte e Ressurreição no Antigo Testamento"
No entanto, Marta demonstra compreender o conceito de ressurreição. (Talvez ela teria um contato com a intelectualidade da época, ou coisa do tipo) Ela expõe pra Jesus esse conhecimento ao afirmar que sabe que seu irmão ressuscitará no último dia.
Algo interessante que acontece com Marta é que quando Jesus está em sua casa, ela se preocupa em servi-lo, i.e, fazer as honras da casa, enquanto Maria se preocupa em ouvir aquilo que sai da boca de Jesus. Jesus a adverte falando que ela está preocupada e ansiosa com muitas coisas que não eram necessárias.
Penso que várias vezes nós estamos preocupados com várias coisas que não são necessárias. Dominamos os conceitos sobre vida, morte, ressurreição, salvação, fé, mas ficamos como quem "apenas observa o vento" como diria o Eclesiastes. E para estes, o próprio Eclesiastes afirma que "nunca segarão" (Ec: 11:4).
Preocupamos-nos demais em saber definir as coisas e esquecemos de viver o "espírito da palavra". Não adianta conhecer a letra se não vamos viver a palavra.
Os discípulos tinham essa vantagem. Eles não conheciam a letra, mas viviam a palavra. (Não estou defendendo aqui a ignorância em relação aos conceitos, acho que eles são extremamente importantes, no entanto, penso que o mais importante é viver a palavra ao invés de dominar a letra).
Marta dominava a letra. Tinha fé de que o seu conceito era verdadeiro e ele se concluiria no dia da ressurreição dos mortos, e por isso que quando Jesus pede para removerem a pedra, ela é a primeira a dizer: "Mas Senhor, já cheira mal, já se passaram 4 dias". (Segundo Martin-Archad, haveria a crença de que a alma rondava o corpo do morto por três dias e que durante esse período, a alma do morto poderia "voltar").
(Talvez daí, a justificação de Jesus ter aparecido apenas no quarto dia. Vindo quando toda a esperança já teria ido embora, vindo quando a morte reinava, trazendo ressurreição e vida, i.e, trazendo a si mesmo por Lázaro, alusão ao que Ele fez na cruz. Trouxe a si mesmo por nós, trazendo a ressurreição e a vida.)
Jesus responde: Não te disse, que se creres verás a glória de Deus?"
Há uma desconstrução da ordem das coisas na fala de Jesus. A ressurreição não se dará apenas no último dia, mas onde Jesus está, pode haver ressurreição.
Daí sua fala anterior para Marta, "Eu sou a ressurreição e a vida".
As palavras de Jesus para Marta visam gerar em Marta a desconstrução das coisas. Marta fazia o que era certo. Ela cria no que era certo. Ela servia Jesus em sua casa como toda boa anfitriã deveria fazer. No entanto, faltava o conhecimento do que era o mais importante. Faltava compreender que a ordem das coisas é construída por nós, e às vezes ela deve ser quebrada para que o espírito suprima a letra, e possamos nos achegar e prestar atenção ao que realmente importa. O conceito que temos das coisas, a preocupação em agirmos de acordo com as etiquetas que aprendemos, tudo isso fica vazio diante da Palavra que dá vida.
Talvez a única coisa que possamos fazer é ouvir a Palavra que nos dirá o que quer que façamos para transformar o mundo em Reino de Deus. E a partir daí agiremos. Não mais como quem simplesmente detém a letra, não mais como quem "sabe o que tem que fazer", mas como alguém que compreendeu o sentido das coisas, como alguém que se vê impelido por essa Palavra a transformar o mundo.
Penso que só compreenderemos isso se andarmos com Jesus como seus discípulos fizeram, nos achegarmos a Ele como Maria fez, e só depois agirmos como Marta.
Mas agora uma Marta melhorada. Não aquela que apenas domina os conceitos e faz o que deve fazer, mas agimos como quem conheceu o sentido das coisas, assentou-se aos pés do mestre e detém o conhecimento dos conceitos.
Proponho que esta Marta melhorada seja um exemplo para nós.
sábado, 8 de agosto de 2009
Ah se....
Gosto de pensar nessa expressão: "Ah se..."
Manifestação de desejos, lamúrias, tristezas...
mas também possibilidade de esperança, alegria, espera de que algo será diferente...
As vezes quando se passa por momentos difíceis, essa expressão é a primeira que nos vem a mente. Dizemos : - Ah se...
Com isso manifestamos um desejo de que há algo em nós que ainda permanece vivo, esperando talvez apenas a manifestação de algo, a manifestação de alguém, sei lá...
Esse desejo vem acompanhado de uma certeza de que, se o que quiséssemos estivesse presente, aquilo seria diferente. Esperança. Fé. Certeza de que o ausente, se estivesse presente, faria diferença.
"Ah se fendessem os céus" já dizia o profeta.... grito de esperança em meio a realidade não tão amiga.
"Ah se Israel me ouvisse", já dizia Deus pela voz do salmista... Esperança divina de que o homem se volte para Ele...
Tanta coisa envolvida em uma simples expressão. Expressão essa reveladora de um suspiro escondido, de um desejo não realizado, expressão de uma ausência...
Esperança de que no caminho apareça algo, de que na próxima curva, a estrada será mais tranquila, mais confortante...
Ah se...
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