segunda-feira, 12 de abril de 2010

Algo sobre o ócio...






Recentemente venho pensando sobre o ócio.

Realmente as pessoas, pelo menos várias delas, sentem um enorme desconforto diante do ócio. Elas simplesmente não conseguem viver com ele. Sentem-se incomodadas com a falta de "algo para fazer"

Os negócios (negação do ócio) tomam conta da vida dessas pessoas. Elas sempre precisam ter algo pra fazer para se sentirem bem.

As horas não passam se falta algo para elas fazerem.


Em nome dos negócios, arrumam várias atividades durante a semana. De domingo a domingo precisam de uma atividade. Talvez haja algo no vazio que as incomodem. Talvez seja o fato de que, no ócio, não resta nada além de si e os pensamentos, e talvez isso seja insuportável para essas pessoas.


Eu tenho que confessar que aprendi a viver com o ócio e, no ócio. Ele não me incomoda. Nos tornamos bons amigos. Quando estou com ele consigo prestar atenção em coisas que, em meio aos inúmeros "negócios" dessa vida corrida não conseguiria.

Isso aprendi com o tempo. Não foi de uma hora pra outra. As empresas onde trabalhei cooperaram para que eu pudesse aprender a viver com o ócio, e melhor, viver bem com ele.


Costumo dizer que viver bem com o ócio é uma arte. A arte de não ter o que fazer e poder se sentir bem com isso é algo que leva tempo, mas quando se aprende, os pequenos momentos acabam se transformando em longas horas de boa reflexão.


Sêneca, filósofo helenista tem um texto maravilhoso sobre o ócio. Ele nos ensina o famoso "ócio produtivo" que para ele, é a filosofia.


Penso parecido, mas acho que a filosofia é uma das alternativas possíveis para o ócio ser considerado produtivo.

Acho que o mais importante é sabermos conviver com a falta do que fazer, não ficarmos sempre procurando algo para preencher nosso tempo, aproveitarmos os momentos de ócio para refletirmos sobre a vida, sobre o mundo, sobre nossas relações, sobre nós mesmos. Acho que assim, teremos uma vida melhor.


Por que não abandonarmos os inúmeros "negócios" e tentarmos aproveitar o ócio em prol de uma vida melhor e mais bem vivida ?


Sugiro que aprendamos a viver no ócio, e isso, por incrível que pareça, só aprende praticando.


Sugiro como Sêneca que pratiquemos o ócio, mas não qualquer ócio, e sim o produtivo, aquele que nos faz pensarmos sobre as coisas, refletirmos sobre nossas vidas, nossas ações etc, etc, etc...


Fica aí uma sugestão.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Numa quinta-feira às 06:50





Hoje saí para o trabalho relativamente mais cedo do que costumo sair.

Cheguei ao meu local de trabalho mais cedo que costumo chegar.

Mas havia algo diferente no ambiente.

Fora o maravilhoso vento frio, o clima ameno de uma linda manhã de outono.


O vento batendo forte, fazendo com que os bambus próximos à entrada do meu setor se inclinassem bastante para baixo.

À minha frente a bela serra que circunda o local onde trabalho.

O sol ainda nascendo, dando ao horizonte uma luz não tão forte, nem tão fraca.

Paisagem digna de uma foto, digna de um quadro.

Exemplo da mais pura beleza (alla kant).


Andando em meio a tal paisagem, de repente bate um vento mais forte,

esse vento faz o que até hoje a física moderna vê como impossível.

Ele me leva ao passado.


Volto no tempo, lembro de uma outra época.

Lembrei dos acampamentos que fazia com uma certa igreja que frequentava há algum tempo atrás.

Lembrei do frio tão intenso em meio aos vales que rodeavam um certo acampamento onde íamos.

Lembrei das brincadeiras, das comidas, das conversas...

Linda época,

doce época...

Digna de saudades


Vento forte que trouxe lembranças tão suaves.

Vento gélido que aqueceu o coração às 06:50 de uma quinta-feira ...


Adorei voltar ao passado, adorei a sensação de novamente estar ali...


Adorei o sentimento nostálgico que me invadiu diante de tal vento...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Se você morasse em uma montanha...


Será que se você morasse em uma montanha estaria tão feliz como está agora?
Será que se morasse em uma montanha poderia ver e desfrutar tudo o que vê e desfruta agora?

Confesso que as vezes gostaria de morar em uma montanha também. Estar sozinho, sem ninguém, sem nada, apenas a vista das estrelas, as montanhas, o rio, nada mais...
Apenas a sensação de tranquilidade me cercando...

Penso as vezes:
"Ah se eu pudesse morar em uma montanha !!! Talvez toda a minha vida seria diferente, talvez todos meus problemas ficariam para trás, talvez lá me sentiria completo, sem mais nenhum objetivo a ser alcançado, apenas a contemplação do horizonte seria minha preocupação."

Mas viver na montanha seria também a declaração de que minha tarefa estava cumprida. Seria confessar que tudo o que tinha pra fazer já está feito, o que me resta é apenas o descanso, apenas o aguardar da morte.

Sei que as vezes a situação faz querermos abandonar tudo, jogar tudo pro alto, mas, se lembrarmos que ainda temos muito para fazer, muito para conquistar, muito para ver aqui embaixo ainda, antes de subirmos para morarmos na montanha, a vida adquire um novo brilho.

As dificuldades enfrentadas são vistas apenas como simples tarefas a serem realizadas no curso da vida sabendo que elas cooperarão para que sejemos pessoas melhores com o passar dos anos.

Na história do mágico de Oz vemos os personagens saindo atrás de algo que eles já possuíam e que apenas desconheciam. Fizeram uma enorme viagem a um reino desconhecido em busca do anseio do coração de cada um. Foi preciso que eles estivessem diante do "falso poderoso" para descobrirem que tudo o que eles precisavam já se encontrava dentro deles.

Talvez a situação seja essa. O morar na montanha talvez não resolverá seu problema, apenas te fará descobrir que tudo o que você precisa você já possui.

Mas saiba minha amiga que se algum dia você for morar na montanha, a primeira coisa que gostaria de ter é o seu endereço, é saber em qual pico estarás, para que possa de vez em quando te tirar do silêncio que te rodeia e te fazer rir trazendo as notícias do mundo que ficou aqui embaixo, enquanto você tem seu momento de reclusão necessário a qualquer pessoa em alguma fase da vida.

Talvez seja necessário ir para a montanha por um tempo, mas acho que se procurar, talvez encontrará o que precisa mais perto do que imagina.

Aprendamos com o mágico de Oz.

I'll be happy for you





But are you leave the sadness behind you ?
Will your heart be conforted with all these words you eat every day?
Will you find your shelter ? Will you find what you looking for?

Oh if all our sadness were a little question of time
If the time were the solution to all of ours troubles all the things would be resolved
nothing else could bring these problems he took away back.
But i’ve learned that time is a great pal, but also a great enemy
That he sometimes bring us hope, but also bring us despair

I think that the time we share with others are the best time we could ever get
But we, many times, forget that and preffer to close in ourselves and don’t let anybody come inside to help in the darkness that surround us.

I think that the time we live today is more like a “solitary time”.
We don’t share, we don’t want this.
We preffer to live in a superficial level with anybody else.
How sad is this? I don’t know.
All I know, is i don’t wanna live like this.
I wanna share. I wanna live in a world people share things. Not only silly things, but things that matter.

But in superficial waters is stupid try to get deep swiming.
Be in silence is not a question of wisdom every time.
That’s something i’ve learned.
I hope you discover this, and when you do, i’ll be happy for you.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Queria ter uma varanda





Queria ter uma varanda.

Penso que se hoje tivesse uma, a noite seria mais agradável.
Poderia me sentar em uma cadeira confortável e observar o céu maravilhoso que se coloca sobre mim.
Clima fresco, céu negro sem nuvens. a lua brilhando, estrelas me fazendo voltar no tempo, uma estrela cadente.
Tudo isso vi hoje a noite enquanto sozinho na janela do meu quarto.

Quanto tempo não parava e observava o céu... O tempo vai passando e perdemos a capacidade de nos admirarmos com as pequenas coisas... Deixamos de ser filósofos (aquele que se admira com as coisas) e nos tornamos filógicos... (aqueles que só vêem com os olhos da razão, se tornaram cegos para se admirarem com as pequenas coisas)

Lá embaixo as luzes também brilhavam. Mas eram luzes das casas, sem graça, sem brilho. Televisões ligadas, computadores conectados e o céu maravilhoso ninguém via.

Talvez o sentimento de solidão seja o que me possibilitou olhar para o céu e contemplar sua beleza. As estrelas me fizeram boa companhia. Mesmo sabendo que talvez elas não estavam mais lá, mesmo assim elas foram minhas companheiras nesses minutos em que as observava pela janela do meu quarto.

Quem disse que uma companhia tem de estar presente para ser companhia? Quantas pessoas presentes não são companhias... Apenas estão lá, mas é como se não estivessem...

As estrelas me mostraram hoje que mesmo talvez ausentes, elas são boas companheiras. Sua luz que remonta a um tempo passado serviu para perceber que não estou só.

Percebi que assim como elas, meu passado também pode ser luz para outros, pude perceber com elas que nem sempre como aparentamos no momento seja o que realmente somos. Nem toda luz que parece brilhar ainda brilha, as vezes a única coisa que ficou foi o brilho do passado que ainda pode ser visto por outros.

Gosto de pensar nas estrelas. Talvez esta luz que vi hoje da janela do meu quarto seja a última que aquela estrela emitiu, talvez pouco tempo depois ela deixou de ser estrela...

Talvez na realidade a estrela já tenha morrido, virou um buraco negro, ou uma anã branca. Talvez. Mas mesmo assim sua luz continuou e hoje pude aprender algo com elas.

Queria ter uma varanda para poder passar mais tempo diante desse céu tão lindo que se mostra agora.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Apenas um texto





Sinto como se a alegria tivesse ido
Sinto como se os momentos felizes nunca mais voltassem
Como é triste habitar nesses ambientes gélidos, sem vida.
Como é triste pensar que cada dia que passa a chance do sol voltar a brilhar vai se esvaindo
Pensar que talvez a esperança esteja morrendo junto ao crepúsculo que se aproxima.

Talvez a parte mais triste seja ver tão densas trevas pairando ao meu lado sem poder fazer nada para que elas se apartem.

Antes eu até achava que poderia ser talvez o portador da luz que iluminaria a situação e faria tudo voltar ao normal.

Achava até que tinha tal poder para transformar trevas em luz.

Mas se nem o muro que você ergueu eu consigo derrubar, se nem o forte de onde contempla todas as coisas eu consegui alcançar, como consiguirei apartar as trevas ?

Ontem, conversando com uma amiga falei com ela que várias vezes um dos nossos erros mais comuns é tentar tratar o que é impossível como possível e vice-versa.

Talvez esteja me conscientizando da impossibilidade da volta, da impossibilidade de novamente ver dias claros dentro de ambientes tão inóspitos.

Talvez seja hora de ver como possibilidade apenas o ambiente gélido, apenas o crepúsculo, não mais esperar o sol desapontar, não mais esperar a vida renascer, não mais pensar que o passado voltará, não mais pensar que o futuro será melhor que o presente.

Enfim, abandonar a esperança.

Mas será que conseguimos abandonar a esperança ? Será que resta vida para além da esperança de que o futuro será melhor que o presente ? E se houver, que tipo de vida seria essa ?

Talvez reste a esta tal vida, a paz. A paz daqueles que já não esperam mais nada. A paz dos que se renderam. Paz que excede nosso entendimento. A paz do coração quieto, que se sossegou porque sabe que tudo aquilo que estava à sua mão para fazer foi feito.

A paz como corolário de uma vida cheia de esperança.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Sobre pontes...










Tentei te trazer para perto de mim, mas não sei por qual motivo, você não quis se aproximar.




Ao invés disso preferiu se afastar, ir para longe, sumir, ir para um lugar onde eu não poderia mais te alcançar.






Tenho medo de talvez ter sido eu que tenha te levado pra lá, tenha te conduzido para este lugar distante onde ninguém mais é capaz de te alcançar.






Paro e penso, acho que não teria tal poder. Acho que o máximo que poderia fazer é te afastar de mim mesmo.






Alguns já me disseram que acham tudo isso muito estranho. Não entendem como que um abismo tão grande se formou.






Tal situação me fez lembrar de uma vila que conheci há um tempo atrás.






Era uma certa vila não muito longe daqui onde havia um abismo. A face do abismo dominava toda a população que se constituiu ao redor dele. Por causa disso, a vila era totalmente sem vida, totalmente gélida, apática. Como a vila estava construída ao redor do abismo, uma metade habitava de um lado, e a outra metade, do outro lado, as pessoas não se conheciam, apenas trocavam algumas palavras esparsas entre as paredes do abismo. O fato de habitarem diante do abismo, fez com que eles criassem entre si abismos que se tornaram intransponíveis.






No entanto, certo dia alguém resolveu construir uma ponte. Ele pensou que com ela, seria possível haver comunicação entre os lados do abismo.






Ele construiu a ponte, e ela era tão bonita, tão vistosa, que com o tempo começaram a passar várias coisas por ela.






Passava tanta coisa boa sobre ela, as pessoas riam nela, conversavam sobre ela, dançavam, brincavam, olhavam o horizonte, e os dias passavam como se fossem pequenas horas diante de tão bela paisagem. As manhãs pareciam se recobrir de um brilho que há muito tempo não se via naquele lugar antes tão gelado e vazio. Pessoas dos dois lados do abismo agora podiam abandonar os gestos esparsos e finalmente ter algum contato mais próximo.






A construção daquela ponte era um grito de esperança em meio a todo aquele ambiente sem vida. A ponte representava o clamor de tantos que esperavam poder contemplar um horizonte novo para além dos vales cobertos de gelo.






Aahh belíssima ponte sobre um abismo aparentemente intransponível.






Ela mostrou àquela população que é possível transpor o abismo que eles mesmos tinham criado.






Mas por algum motivo a ponte parece querer ruir. Talvez seja o tempo que tem sido muito severo nessa época do ano, talvez seja o material usado na construção da ponte que poderia ter sido melhor preparado para suportar as intempéries... Sei lá, pode ser tantos motivos...






Os habitantes daquela região lastimam que a ponte dê aparências que esteja ruindo. Resta ainda a esperança de que ela não desabe, que ela resista às intempéries e continue proporcionando bons momentos para os habitantes daquela região tão inóspita.






Lembro de alguém comentar comigo certa vez que aquela ponte era a única coisa que a fazia continuar morando naquele lugar. Tal pessoa desejava de todo o coração que a ponte não ruísse.






Eu acho que esse era o desejo de todos que já viram, ou já passaram por aquela ponte.






Até onde eu sei a ponte ainda está lá. Ainda não ruiu. Talvez hoje ela apenas precise de alguns reparos para que os bons momentos vividos sobre ela possam ser recuperados, e o abismo, possa novamente ser visto como paisagem e não como condição.




Convido-te e a quem quiser vir, a construirmos pontes para transpormos os abismos criados ora por nós mesmos, ora pelas condições que nos cercam.




Convido-te também e a quem quiser vir, a mantermos as pontes que construímos, a não deixar que ela desabe, afinal, dela se podem ver belíssimas paisagens e viver momentos inesquecíveis.