sexta-feira, 25 de março de 2011

Galo 103 anos







Puro amor!
Só entende quem já provou,
Só compreensível aos corações apaixonados.
Inexplicável.

Somos chamados de loucos pois nosso amor cresce apesar das circunstâncias desfavoráveis;
Amor desinteressado,
Tudo suporta, tudo espera, tudo acredita...

Sentimento oceânico quando te vemos entrar em campo, sentimento de identificação
Sentimento que transcende as palavras, nos abre para a dimensão do amor.
Amor desinteressado,
Tudo suporta, tudo espera, tudo acredita...

Galo ! Uma vez até morrer.

Até que a minha morte nos separe!
Afinal, Tu não morrerás jamais!

Galo não é time, Galo é religião !!!

Ave Galo!!!!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Pássaros selvagens







Queria as vezes ser como os pássaros
Sair voando sem preocupação,
Mero pássaro selvagem que não está preso por nada e nem por ninguém.

Um simples voar sobre o mar, montanhas,
sem destino, sem planos, nada além do vento batendo em minhas asas
Pura sensação de liberdade
Desejos escondidos, mas talvez por isso tão sinceros

Mas o que fazer quando se foi domesticado?
Quando os sonhos não mais fazem parte de sua realidade?
Quando eles parecem algo tão distante, mesmo estando tão arraigados dentro de nós.
Recalcados pra usarmos o linguajar freudiano.

É preciso reaprender a sonhar
Libertar os pássaros selvagens que em mim habita para que finalmente possa me tornar um
Sem mais viver no comodismo da domesticação
No comodismo das definições prontas.
Alçar novos vôos, me lançar diante do vazio...

Muitos vêem minhas opiniões como um lançar sobre o vazio,
Mas o que será isso senão a tentativa de voar livremente?
Talvez por isso seja muitas vezes incompreendido.

Pra quem está no porto, as vezes é sinal de loucura ver aquele que se lança ao mar
rumo ao desconhecido.
Não sou um revoulucionário, apenas um homem que sonha
e ao mesmo tempo tenta falar desse sonho a outros...

Sobre o que sonho?
Sonho sobre Deus, sobre religião, sobre teologia,
por isso falo destas coisas, (a boca fala do que está cheio o coração) por isso tento alçar novos vôos e não me acomodar com as decisões prontas...

Atitude estranha em um mundo onde o pensar se tornou artigo de luxo,
Atitude perigosa em um ambiente onde as definições já estão cauterizadas.

Pensar é se colocar em uma espécie de "limbo", em um "não-lugar"
é voar como pássaro selvagem

Eu prefiro o vôo dos pássaros selvagens que são apenas levados pelo vento,
Não sabem de onde vem nem para onde vão, assim como "aqueles nascido pelo Espírito"
Por isso são livres, por isso voam.
Talvez eu seja apenas um pássaro selvagem voando...

Vinde e Voemos diz o Senhor (Is. 1:18)


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sonhos...








Mundos periféricos habitados por inúmeras pessoas...

Ah, entre elas, habita talvez a mais interessante
Nada de especial, apenas talvez um mero olhar
Olhar revelador para quem sabe ler
Que oculta para os que não sabem.

Sua vida não tem nada de especial
É apenas mais uma dentre tantas outras
Vida talvez comum, mas cheia de esplendor e sonhos

Sonhos que são sempre especiais para quem sonha.

Mas quem não tem sonhos?
sonhos que vêm, vão, se realizam, nos revela

Eles antes vistos como presságio dos deuses
Agora visto como revelação nossa a nós mesmos
Desmitificação freudiana em um terreno pouco habitado até então.

Sonhos,
Aquilo que nos move, que nos instiga a prosseguir
na tentativa que eles virem outro tipo de realidade.

Sonhos,
Manifestação do desejo inconsciente que habita nossas profundezas
Sempre presente, mesmo quando irrealizável
Mesmo quando realizável

Desejo de desejo
Desejo de vazio

A partir deles tentamos criar um mundo que nos dará esperança
Esperança esta, nascida do sonho,
Nascido de dentro de nós para que talvez possa transformar as coisas fora de nós.

Sonhos...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Virando as páginas








Página virada é sempre motivo de esperança,
Nunca se sabe o que virá na próxima página.
Pode ser que venham boas surpresas,
As vezes não tão boas assim.

Sem virar as páginas não caminhamos em nossa leitura,
Ficaríamos sempre lendo a mesma coisa sem nunca avançarmos e concluirmos nosso objetivo proposto, ou seja, o término do livro.

Poderíamos, claro, ficar lendo as mesmas letras sempre pensando que se as lermos novamente elas mudarão seu sentido, mudarão sua forma e nos faria diferente do que somos.

Mas não é assim. As páginas relidas serão sempre as mesmas páginas, e por mais que haja algo novo nelas, ainda assim serão sempre as mesmas palavras que nos trouxe ou sofrimento ou alegria que estarão lá da mesma forma.

Virar a página constitui um salto no escuro, atitude de fé rumo a algo meramente previsto, mas nunca sabido de antemão.

Nos lançamos rumo ao novo, torcendo para que a nova página seja melhor que aquela que viramos.

Claro que há páginas e páginas. Há aquelas que nos deleitamos e não queremos que elas acabem nunca, gostaríamos que elas fossem pra sempre, que durassem, que não precisassem ser viradas.
Há outras que torcemos para que passem rápido, pois não aguentamos mais ler tão enfadonhas palavras.

Mas todo virar de página traz em si a esperança de que algo melhor virá para a trama da nossa história.

Viremos as páginas e sigamos em frente, sem saber o que nos aguarda no futuro.
Isso é motivo de alegria. A ignorancia em relação ao futuro é o que nos faz virar as páginas.

Pura esperanca de que a alegria será maior na próxima página.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pingo d'água








Um pingo d’água é apenas um pingo d’água
Assim como uma pessoa é apenas uma pessoa

Hoje enquanto almoçava, reparava os diversos pingos d’água que caíam
Eles simplesmente caíam, não tinham nenhuma intenção em si mesmos
não cumpriam nenhum propósito pra ninguém.

Assim como subiram algum dia, caíram no dia de hoje.

No entanto, havia alguns pingos que caíam de árvores,
E enquanto caíam, traziam consigo várias substancias acumuladas das árvores
algo da folha, algo do caule, algo dos galhos,
Caíam em uma poça d’água.

Quando caíam provocavam ondulações na poça,
A água que estava ali na poça se agitava com a novidade,
mas depois, tudo voltava ao normal
o estranho foi absolvido pelas demais gotas que lá estavam e formavam a poça

Tudo voltava ao normal, até que outro pingo d’água encontrasse novamente a poça
trazendo novamente a novidade e logo depois virava poça também.

Poça que se formou a partir de vários pingos que perderam também sua identidade
se uniram e se perderam.
Por que? Ninguém sabe.


Pensei em nós,
Seres humanos que como aquele mesmo pingo, sempre traz consigo alguma coisa
ao adentrar em um ambiente.
Sempre chegamos com novidades, movimentando o novo ambiente,
até que por algum motivo, não se sabendo o porque,
viramos poça.
Não mais influenciamos ninguém, não mais agitamos ninguém, não mais fazemos diferença alguma.
Somos simplesmente poça.
Todas as experiencias trazidas por nós enquanto caíamos, são esquecidas
não fazem mais diferença. Afinal, viramos poças.

A alegria da vida, a beleza das coisas simples, o que aprendemos enquanto caíamos,
tudo se foi, esquecido em algum lugar dentro de nós.

Triste vida de poça, será pisada por vários pés que reclamarão porque ela estará ali
Incomodará várias pessoas, e nisto, o pingo antes cheio de novidades não mais existirá.
Como gota que cai no oceano e vira oceano, o pingo cai na poça e vira poça.
O homem cai no meio e vira meio.
Falta de autenticidade, nem ao mesmo tenta não ser poça,
Aceita-se isto como algo que não pode ser mudado,
e nisto se vai a humanidade, a beleza do humano, a singularidade de ser pingo d’água.

Excesso de metafísica sempre atrapalha.

Mero pensamento da hora do almoço.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um homem que sofre







Em um mundo não tão distante, mas paradoxalmente tão perto habita um homem que sofre.
Mas que importa se este homem sofre, de quem é o problema senão dele mesmo?
Que tenho eu a ver com isso? Que tem qualquer pessoa a ver com isso que não o próprio homem que sofre?
E por que sofre?
Não sabe.

Apenas sabe que sofre a solidão de ser apenas mais um em meio a tanta gente
Sofre por se ver como alguém que facilmente pode ser deixado de lado em detrimento de outros, talvez mais interessantes que ele.
Sofre por não ser compreendido embora tudo o que faça seja tentar ser compreendido pelos outros.
Nem toda a sua ciência e seu conhecimento foi capaz de fazer com que ele deixasse de sofrer
Neste caso já dizia o Eclesiastes que o muito estudar é enfado da carne. Ele deveria saber disso.

Não sou eu o homem que sofre, mas talvez o conheça de algum lugar
Talvez ele me seja familiar no meio das inúmeras pessoas com quem convivo todo dia
Talvez homem seria um termo genérico, e representasse qualquer pessoa que sofra.

Mas de quem é o problema?
Hoje em dia, o problema é sempre individual, e se é assim, pra que vou querer gastar tempo me preocupando com problemas alheios?
Já tenho meus próprios problemas pra me preocupar. Não preciso de outros.
Curiosamente, nosso discurso sempre se vê permeado pela figura do outro.
Nas reuniões que participo sempre falam que devo amar o próximo, ajudar na caminhada daquele que está junto comigo, e até concordo com tais premissas, mas quão distante a coisa se torna quando requer a prática.

Na prática a teoria é outra.
Esta relação eu-outro acaba sempre por ficar no nível da superficialidade
Pra que almejar algo além da superficialidade? As coisas caminham melhor na superficialidade
No entanto, a relação da superficialidade não se constitui enquanto eu-outro, mas sempre eu-enquanto-eu-no-outro, e nisto reside um grande problema da sociedade atual.

Inúmeros “eus”, inúmeros “outros” sempre faltando o hífen que os uniria.
Mas pra que o hífen?
Talvez o hífen eliminaria o sofrimento do homem que sofre,
mas até lá,
Continuo conhecendo um homem que sofre sem saber porque.



domingo, 26 de dezembro de 2010

Sobre olhos







Gosto muito de tirar fotos. Elas tem um que de nostalgia, um que de ressurreição.

Toda foto é uma volta ao passado. É um trazer de volta o que já não existe.

É uma forma de registrar a morte.
A morte daquele momento que foi tão bom, ou tão ruim, mas que por algum motivo foi digno de ser lembrado por meio de uma fotografia.

Gosto muito de várias fotos que tenho em meu email, meu computador, guardadas na memória,.
Gosto de ver as expressões dos presentes nas fotos. Os olhos dizem muita coisa. Alguns mais que outros, mas todos eles falam.

Aprendi a ler alguns olhos há um tempo atrás. Quantas falas ouvi sem nenhum sussurro, quantas palavras ditas sem que lábios alguns se mexessem. Foi um dos melhores aprendizados que já tive.

Quem precisa das palavras quando se tem olhos?

Talvez tenhamos herdado dos gregos este "frissom" pelo "logos". O que importaria seria apenas aquilo que poderia ser verbalizado, ser posto de forma ordenada dentro de uma sentença e tudo que não pudesse ser desta forma deveria ser deixado de lado. A ontologia subordinada ao logos.

Mas quando os olhos entram em ação, as palavras perdem a sua importancia. Os olhos tem a capacidade de expressar o que as palavras não podem, eles falam do nosso interior. Revelam a dinâmica do que somos, e isso tudo em silêncio.

Vivemos em um mundo onde apenas as palavras dominam. Tudo que tem que ser dito, tem que fazê-lo em palavras. Não há lugar para mensagens silenciosas, apenas verbos, substantivos. Excesso de categorizações, tudo ordenado por meio de uma lógica rígida. Mera questão de gramática.

No entanto, os olhos riem disso, eles dizem suas palavras no silêncio, em meio aos barulhos das palavras. E se prestássemos atenção, veríamos que o que eles dizem silenciosamente são as coisas que as palavras não podem, ou não conseguem dizer.

E o que é a foto senão o olho tentando se sobrepor a palavra? O olho afirmando que não precisa delas pra se expressar, muito pelo contrário, se expressa melhor sem elas.

Uma imagem diz mais que mil palavras já diz a sabedoria popular. Se os teus olhos forem bons todo o seu corpo será luminoso já nos dizia o nazareno.


Quem tem olhos para ouvir, ouça.