terça-feira, 17 de maio de 2011

28 anos, Existencialmente...








E o que dizer quando o ano acaba
Quando as folhas caem
Quando o tempo fecha?

O que dizer quando a dor aparece
Quando nada acontece
E perde-se tudo o que se tem?

O que dizer quando o novo começa
Quando o que se admira volta
Quando a alegria vem?

Palavras pra que? Se elas não expressam o que queremos?
Poesias pra que? se elas provavelmente não serão compreendidas?
Impasse epistemico-linguístico.

E de repente ficamos como quem sonha,
Mas o sonho também incompreendido...

Restando talvez um mero olhar diante do inexplicável
Mero buscar de um sentido que talvez não exista.
E no tatear diante do mundo desconhecido,
Vamos vivendo procurando dias felizes...



terça-feira, 10 de maio de 2011

Espera








E de repente,
fico como quem espera.

Observo as plantas, as construções, as árvores ao meu redor,
Mas fico como quem espera,

Espero uma presença que talvez nunca virá,
um sorriso que nunca chegará,
uma palavra que nunca se ouvirá.

Mas ainda assim, fico como quem espera...

Espero a nuvem que não passará
A chuva que não virá
A angústia que não passará

Mas ainda assim, fico como quem espera.

Nesse esperar, me constituo como homem
Mesmo esperando o tudo que talvez se revelará em nada

Ainda assim, fico como quem espera.


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Alguns pensamentos esparsos









Sentado num banco de praça pensa- se em muita coisa.

Pensa-se na vida, na morte, no sentido, na falta dele. Não se pensa também sobre nada.
As vezes só o bater do vento sobre sua cabeça já é o suficiente para um dia perfeito.
Acaba-se perdendo essa admiração com as coisas simples da vida enquanto nos preocupamos com tudo mais que é tão vão como qualquer coisa que se desfaz no ar...

Passo por esta praça toda semana e é a primeira vez que paro e aproveito o que de graça ela me oferece.
Descanso nela. Ela que sempre esteve aqui e eu nunca percebi.
E tem como não pensar em Deus nesta simples analogia?

Sempre tão perto, oferecendo gratuitamente momentos de prazer por meio das coisas criadas. Pena passarmos tanto tempo da nossa vida sem reparar nesta beleza e gratuidade, buscando-o as vezes nos chamados "túmulos de Deus" para usar a expressão de Nietzsche.

Compensaria uma volta à proposta aquiniana ou até mesmo do salmista que afirma que a criação proclama a glória de Deus... Talvez daí a proposta agostiniana de afirmar Deus como beleza...Chego a querer parafrasear Agostinho no livro X das confissóes e dizer "Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova. Tarde demais eu te amei. ..."

Bom pensar na praça, no jardim, talvez o lugar onde estejamos mais próximos deste que achamos sempre tão longe.

Lembremos do Éden... A história que contava que Deus passeava no jardim...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Uma certa vestibulanda





Ainda me lembro de você
Enquanto eu trabalhava, você ali pensava na vida.
Seus olhos vidrados no chão,
Olhos claros, cabelos loiros, blusa branca e all star
Pensando...

Divagando aparentemente sobre tantas coisas,
Olhos tristes, de quem a esperança já se foi
De quem o ano todo não valeu a pena
porque agora, quando mais precisa, todo conhecimento lhe escapou.

Resta-te apenas o olhar vago de quem pensa grandes coisas,
mas nenhuma delas agora te será útil.
O lápis não escreve nada, a borracha virou brinquedo em suas mãos...

Enquanto observa o piso e pensa
Te observo.

Você tão bonita, tão nova ainda, e tendo que fazer uma decisão desta
Decisão que ainda acredita que durará a vida inteira
Decisão que ainda acredita ser sem volta

Se ao menos você soubesse que tal decisão não é pra vida inteira
Que sempre há chance de mudar
Que a vida lhe aparece aberta em todos os sentidos
Que a precariedade dela se mostra cada vez que tomamos uma decisão...

Ah se você soubesse disso tudo,
Talvez sua cara fechada se abriria em sorriso,
E ao invés dos pensamentos lhe inspirarem o choro
Eles inspirariam o riso de alguém que compreendeu o grande jogo que sempre jogamos na vida

A prova acabou,
A aluna se foi,
E eu fiquei pensando...

Tal fato aconteceu enquanto aplicava uma prova de vestibular no ano passado.





segunda-feira, 11 de abril de 2011

Carta à igreja de Venda Nova









Ah, quanta leviandade....

Quem me dera algum dia entrasse novamente por suas portas e não ouvisse tantas besteiras

Quem me dera se voltasses a ser o que eras, coisa de não muito tempo atrás.

Hoje o que vejo é uma instituição morta, completamente destituída de seus princípios.

Você que tinha tudo pra continuar sendo luz onde estava, ser o adubo que encheria de vida ao seu redor, ser o porto seguro, o abrigo de muitos, se deixou levar por uma nova onda imediatista.


É certo que o processo não se fez tão rápido, exigiu-se tempo para que a "rocha" onde estava firmada se transformasse em areia. Areia esta que se tornou sua morada. Ao invés de uma casa simples sobre a rocha, resolveu criar uma suposta "mansão" sobre a areia. Ah se você soubesse, se ainda lembrasse do que acontece com as casas construídas sobre a areia...


Seus pastores despreparados, sua liderança que não mais se importam com o desenvolver dos membros.

De luteranos, a neopentecostais. De amantes da Bíblia, a amantes dos "milagres", das "curas" dos moveres instantaneos. Caminho grande o pecorrido, mas infelizmente pecorrido rapidamente.


Você que antes cozinhava os alimentos, os preparava com carinho para alimentar as crianças que lhe apareciam, agora se atém às refeições fast food. Lixo que não alimenta ninguém.


Você que antes prezava pela boa alimentação agora se vê sendo nutrida por qualquer "lavagem" que lhe é oferecida.

Os domingos que antes eram dias de alegria, ensino, hj se transformaram em mera formalidade. As escolas dominicais acabaram, o que vemos agora são 10 pessoas ouvindo alguém que não sabe o que fala, tentando parecer "pastor" quando na realidade não passa de mais um cego tentando guiar outros.

Sorte dos que antes saíram, não tiveram mais que ver a deteriorização de um sonho.

Ah se seus fundadores te vissem hoje. O que eles diriam? Será que eles te reconheceriam? Será que se viriam espelhados no que hoje você se tornou?


Tenho certeza que a resposta é negativa. Tenho certeza que eles mudariam várias coisas.


Quanta tristeza tenho quando olho pra você hoje. Em nome de uma suposta "eficiencia", "mercado", "dinheiro", você corrompeu seus princípios. Abriu mão de suas bases para aderir à moda, para aderir ao caminho mais fácil. Para isto, não precisa de pastores preparados, qualquer um pode subir em seu púlpito e dizer o que quiser.


O ensino não precisa ser focado. Pra que? Se o importante é o "suposto milagre" que diferença faz o que vai ensinar? Que diferença fará saber teologia se ela não será usada? Caminho triste este que escolheu para trilhar.


O futuro disso quem pode dizer? Há muito deixou de ser a igreja onde cresci. Há muito resolveu ser outra coisa que não uma igreja no sentido mais amplo. Virou apenas mais uma instituição focada em si, que olha apenas para o seu umbigo, que afasta todos aqueles que te questionam. Adotou uma liderança intolerante com as diferenças, não disposta a pensar seus caminhos, e cada dia mais vai se afastando dos princípios em que foi criada.


O que posso dizer de você, igreja Evangélica Betania de Venda Nova? Você é apenas mais um exemplo local de algo que já acontece em uma escala mundial. Em você é vista apenas a deteriorização disso que hoje ainda se chama "igreja evangélica" que há muito deixou de ser "protestante".


Será que ainda haverá futuro para você ??? Espero que sim, embora você não pareça querer.


sexta-feira, 25 de março de 2011

Galo 103 anos







Puro amor!
Só entende quem já provou,
Só compreensível aos corações apaixonados.
Inexplicável.

Somos chamados de loucos pois nosso amor cresce apesar das circunstâncias desfavoráveis;
Amor desinteressado,
Tudo suporta, tudo espera, tudo acredita...

Sentimento oceânico quando te vemos entrar em campo, sentimento de identificação
Sentimento que transcende as palavras, nos abre para a dimensão do amor.
Amor desinteressado,
Tudo suporta, tudo espera, tudo acredita...

Galo ! Uma vez até morrer.

Até que a minha morte nos separe!
Afinal, Tu não morrerás jamais!

Galo não é time, Galo é religião !!!

Ave Galo!!!!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Pássaros selvagens







Queria as vezes ser como os pássaros
Sair voando sem preocupação,
Mero pássaro selvagem que não está preso por nada e nem por ninguém.

Um simples voar sobre o mar, montanhas,
sem destino, sem planos, nada além do vento batendo em minhas asas
Pura sensação de liberdade
Desejos escondidos, mas talvez por isso tão sinceros

Mas o que fazer quando se foi domesticado?
Quando os sonhos não mais fazem parte de sua realidade?
Quando eles parecem algo tão distante, mesmo estando tão arraigados dentro de nós.
Recalcados pra usarmos o linguajar freudiano.

É preciso reaprender a sonhar
Libertar os pássaros selvagens que em mim habita para que finalmente possa me tornar um
Sem mais viver no comodismo da domesticação
No comodismo das definições prontas.
Alçar novos vôos, me lançar diante do vazio...

Muitos vêem minhas opiniões como um lançar sobre o vazio,
Mas o que será isso senão a tentativa de voar livremente?
Talvez por isso seja muitas vezes incompreendido.

Pra quem está no porto, as vezes é sinal de loucura ver aquele que se lança ao mar
rumo ao desconhecido.
Não sou um revoulucionário, apenas um homem que sonha
e ao mesmo tempo tenta falar desse sonho a outros...

Sobre o que sonho?
Sonho sobre Deus, sobre religião, sobre teologia,
por isso falo destas coisas, (a boca fala do que está cheio o coração) por isso tento alçar novos vôos e não me acomodar com as decisões prontas...

Atitude estranha em um mundo onde o pensar se tornou artigo de luxo,
Atitude perigosa em um ambiente onde as definições já estão cauterizadas.

Pensar é se colocar em uma espécie de "limbo", em um "não-lugar"
é voar como pássaro selvagem

Eu prefiro o vôo dos pássaros selvagens que são apenas levados pelo vento,
Não sabem de onde vem nem para onde vão, assim como "aqueles nascido pelo Espírito"
Por isso são livres, por isso voam.
Talvez eu seja apenas um pássaro selvagem voando...

Vinde e Voemos diz o Senhor (Is. 1:18)