Às vezes são os outros que vão, às vezes somos nós que temos que ir.
Em toda despedida tem um quê de alegria e um quê de tristeza.
Alegria por estar indo, descobrir novas coisas, experimentar novos desafios, avançar em algum sentido, mudar para outros horizontes, criar a expectativa que o novo será melhor.
Tristeza por ter que deixar os laços criados, as amizades feitas, o cotidiano ao lado das pessoas, a cumplicidade adquirida. Saber que não mais verá aquela pessoa especial que foi e é tão importante em nossa vida.
As chegadas e partidas acabam por fazer o que nós somos. Temos que lidar com elas se quisermos amadurecer como humanos. No entanto, penso que também devemos "sofrê-las". Evidenciar que algo está mudando, sentir a perda dos momentos que não mais se repetirão.
Colocar marcos para lembrarmos. Marcos estes que nos farão olhar para trás e saber que naquele momento algo de importante aconteceu conosco. Uma nova fase se iniciou, um novo percurso foi iniciado e as coisas não foram mais como elas eram...
Sob o adágio: "é a vida", não se pode colocar todas as coisas. Afinal, por trás deste adágio se encontra toda uma dinâmica de resignação que não deve ser incentivada. Claro que tem coisas que "a vida" é responsável, mas para a maioria das outras, nós o somos.
O adágio "é a vida" talvez seja uma tentativa para que não soframos. Colocamos as coisas sobre uma dimensão maior, personificamos "a vida" de forma que ela aparece como algo que "sabe o que está fazendo". Mas a proposta aqui é para que soframos com os momentos de tristeza e alegremos com os momentos de alegria. A proposta bíblica já diz isso. Alegremos com os que se alegram e choremos com os que choram.
A proposta não é esconder a dor, tentar "animar", tentar fazer com que o momento seja menos doloroso do que se é, não é isto. A proposta é para que aprendamos que há momentos em que se deve "chorar com os que choram", viver as experiencias tristes com a mesma intensidade dos momentos alegres. Sem sofrer demais ao ponto de parecer auto-comiseração, nem fingir que a dor não existe. Virtude esta que só aprendemos com a prática.
Os marcos se tornam importantes por este motivo. Para colocarmos tais marcos é preciso esforço, é preciso empenho, e com isso os momentos ficarão guardados. Sem contar que os mesmos marcos nos darão "direções" caso tenhamos que passar pelo mesmo caminho outra vez.
As despedidas marcam sempre o fim de uma etapa, e com este fim abre-se a esperança de um novo recomeço. Se será melhor ou pior não podemos dizer, podemos apenas confiar que o futuro será melhor que o passado.
Recentemente vivi as duas experiências. Me despedi e despedi de alguém, em ambos os momentos, as experiencias foram tristes, mas a esperança de que o futuro será melhor persistiu.
Sofri e sofro como quem perde o contato com pessoas maravilhosas, que gostaria que sempre estivessem ao meu lado, que gostaria que nunca ficassem longe, ou fossem para longe.
Não direi que é a vida. Sofrerei como quem sofre a despedida, mas quero confiar que os que vão encontrarão algo melhor.
Sofrerei também como aquele que partiu e deixou pessoas a quem amava. E para elas, fica o meu desejo de um futuro melhor. Sei que elas sofrem também pela minha partida, assim como eu sofro por aqueles que partem.
Fiquem em paz, queridos alunos do Elite de Ipatinga. (Aqueles que ficaram)
Vá em paz, querida Ana. (Aquela que partiu)
Fabiano Veliq (Aquele que partiu, e aquele que ficou)
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