quinta-feira, 28 de junho de 2018

LGBTQIAAP+, Igrejas evangélicas e contemporaneidade. Desafios para o pensamento



Hoje se celebra o dia do orgulho gay, o que para mim é motivo de extrema alegria, pois acredito que mesmo que parcamente as coisas estão mudando para a comunidade LGBTQIAAP+. (Para quem não sabe a nova sigla representa os Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais, Queers, Interesexuais, Assexuais, "Alies" (do inglês), e Pansexuais).  Há tempos atrás o próprio fato de se assumir Gay, Lésbica, etc. já era motivo para exclusão de círculos mais próximos, familiares, etc. coisa que hoje em dia vai aos poucos sendo aceito de forma mais "light". Obviamente que esse olhar "otimista" não é ingênuo; se por um lado vemos diversos avanços no quesito aceitação, ainda não podemos dizer que chegamos nem sequer próximo de um nível de aceitação "aceitável". O Brasil continua sendo o país que mais mata transexuais no mundo, ainda é o país onde a média da população trans é de apenas 35 anos, etc. Esses dados em si já deveriam nos alarmar diante da crueza que os dados evidenciam. Fechar os olhos para esses dados também é simplesmente ignorar um problema social importantíssimo. Outro dado alarmante é que apenas no início deste ano é que a questão trans deixou de ser considerada "doença" pela DSM, o que evidencia que aquilo que chamei de "parco" no início do texto é de fato extremamente "parco" mesmo. 

Como provavelmente o leitor desse blog já sabe, sou protestante e a questão sobre a sexualidade é um tema considerado tabu dentro da maioria das igrejas protestantes e evangélicas. Chego a dizer que no meio evangélico neopentecostal o tabu em relação a sexualidade beira à insanidade. Se de uma forma geral a questão sexual é raramente comentada dentro da igreja evangélica, ela se mostra presente em basicamente todos os aspectos da vida da igreja evangélica. Para isso basta observarmos o silêncio como grande sintoma da questão que não pode ser enunciada, debatida, mas cabe apenas o lugar de "proibida" de formas cada vez mais velada. É bastante interessante o discurso evangélico sobre a questão da sexualidade, pois ela mescla discursos extremamente paradoxais para defender pontos de vista muito discrepantes. Já escrevi aqui no blog sobre a questão do "sexo antes do casamento" que é sem dúvida algo muito pregado dentro das igrejas evangélicas, mas hoje queria aproveitar a data do orgulho gay e comentar sobre a relação com a questão da sexualidade de maneira mais ampla. Já há aqui no blog também um texto sobre a questão de gênero e a igreja evangélica , então acredito que já possa ir direto ao assunto. 

Foucault já nos mostra na sua história da sexualidade, e Freud também antes de Foucault que a questão sexual é uma questão fundamental na vida do sujeito humano, de forma que o controle sobre essa esfera da vida do sujeito dá à instituição um poder extremamente grande sobre a vida do sujeito. Não é por coincidência que a igreja evangélica se preocupa de forma doentia com a questão sexual. Para além de uma leitura fundamentalista do texto bíblico (que retira todo o texto do seu contexto e quer ler a Bíblia sub especie aeternitatis ) a igreja evangélica em sua maioria tem sempre em mente exercer um domínio sobre a forma que o membro deve ou não deve viver a sua vida sexual. Daí vem muitos problemas entre casais heteronormativos, mas com certeza os que mais sofrem com isso são os casais homoafetivos. 

Via de regra a solução proposta para os homossexuais dentro da igreja evangélica é a abstenção do sexo com seu parceiro, pois segundo a ideologia extremamente perversa propagada, "Deus ama o pecador, mas não ama o pecado" (curiosamente a mesma exigência não é nem cogitada para o casal heteronormativo), de forma que o pecado está no ato da cópula, está no sexo em si. Esta visão além de retomar uma dinâmica extremamente medieval em relação à relação entre corpo e alma, aquele sendo taxado como impuro enquanto a alma seria pura, traz consigo uma noção de controle sobre os corpos que beira a insanidade. Uma das maiores bandeiras levantadas por Lutero durante a reforma protestante foi exatamente a liberdade do cristão diante de Deus, de forma que Deus e homem se comunicam diretamente sem a mediação institucional. (O que obviamente trouxe sérios problemas que é o que vemos hoje com diversas igrejas neopentecostais e suas leituras absurdas do texto bíblico) No entanto, dentro da maioria das igrejas evangélicas, a liberdade do sujeito só se faz presente na hora de assumir a culpa pelos seus atos e nunca na hora de se tornar de fato agente de si mesmo. Esta noção vai se tornando cada vez mais perversa e cada vez mais velada no discurso, tornada "soft" como forma de penetrar cada vez mais sutilmente como mecanismo de controle. Um exemplo bem vivo disso são os diversos cultos atualmente em diversas igrejas evangélicas voltadas para a comunidade LGBTQIAAP+ em que sob o nome de "inclusão" o que se vê na maioria das vezes é apenas o mesmo discurso fundamentalista, culpabilizador com uma roupagem diferente. Ao invés de ser um lugar em que a aceitação se dará, o que se vê é apenas uma culpabilização velada, uma ideologia extremamente perversa em que a igreja evangélica mostra sua face totalmente alinhada com a dinâmica exclusivista da heteronormatividade. 

Recentemente uma aluna minha me relatou uma experiência vivida no culto "Cores" da Batista da Lagoinha em que a líder do culto já iniciava a sua fala afirmando saber que estava em pecado mantendo a sua opção sexual, mas estava ali para honrar em engrandecer o nome de Deus. Supostamente esse culto é um culto voltado para a comunidade LGBTQIAAP+, mas o que traz consigo é apenas uma noção arcaica de que cabe à igreja dizer o que pode ou não pode ser feito com o corpo do sujeito. Extremamente interessante é o fato de que a igreja não assume que isso é uma postura/leitura própria dela, mas atribui a Deus uma discriminação que é estrutural, socialmente construída e que não tem absolutamente nada a ver com a proposta cristã em sua forma mais crua.
É fato conhecido que Jesus andava com prostitutas, ladrões, mendigos, pobres, excluídos, etc. e também é fato conhecido que o ensinamento de Jesus se volta sempre para a aceitação dos diversos modos de vida das pessoas que são baseados no amor, mas se volta contra os atos que não são baseados nesse mesmo amor. Não é sem motivo que a vez que os evangelhos mostra um Jesus extremamente violento é apenas com os comerciantes no templo. Em hora nenhuma essa violência de Jesus se mostra em relação a outras questão da vida das pessoas. Jesus não fala absolutamente nada sobre sexo, os evangelhos não falam basicamente nada sobre a questão, mas por diversos motivos (incluindo a questão platônica no início da patrística) a questão sexual se tornou o tema central da igreja cristã desde o seu surgimento. 

Iniciei o texto afirmando que tem havido uma parca aceitação das questões homoafetivas na sociedade de forma que esses grupos tem ganhado cada vez mais espaço e suas pautas estão sendo cada vez mais debatidas. Até mesmo no meio evangélico somos capazes de encontrar grupos que debatem seriamente a questão e igrejas de fato inclusivas no sentido da aceitação plena da forma única que cada um tem de viver a sua sexualidade, entendendo que não cabe à instituição dizer o que pode ou não pode ser feito pelo sujeito no uso da sua livre vontade sobre o seu próprio corpo. Essa ausência do poder institucional, no entanto, evidencia a crise representacional vivenciada hoje em todas as instâncias da vida dos sujeitos contemporâneos. É impossível voltar para uma época onde essas instituições terão novamente o poder que tinham (embora esse seja o desejo de vários setores atuais que vêem no fortalecimento dos aparatos de controle uma saída para a crise contemporânea culminando não raras vezes em posturas extremamente fundamentalistas), essa fantasia de uma unidade primordial se perdeu definitivamente. A única possibilidade parece ser aquilo que diversos psicanalistas chamam de "pai enfraquecido", ou seja, uma referência mínima que apenas a partir do testemunho próprio seria capaz de orientar o sujeito. 

No entanto, a nossa crise representacional também se evidencia dentro do próprio movimento LGBTQIAAP+. Recentemente estava discutindo em uma das minhas aulas que o simples fato da sigla que começou com GLS, passou para LGBT, depois LGBTQI+ e agora LGBTQIAAP+ apontaria para a mesma crise representacional que o aumento das letras visa resolver. Na intenção de aceitar todas as minorias, o que aparentemente acontece é a criação de cada vez mais "microgrupos" em que a representação precisa ser cada vez mais específica para encontrar voz. É sabido que dentro do próprio movimento há diversas discussões sobre a questão de gênero e a questão racial, a questão de gênero e a questão econômica, de forma que há cada vez mais uma pulverização das letras na sigla de forma a representar cada vez grupos menores sob o nome da "aceitação das diferenças". A meu ver o aumento da sigla aponta exatamente para essa fissura contemporânea da ausência da representação; de alguma forma acaba-se caindo em uma espécie de narcisismo de grupos extremamente pequenos que no fim das contas não representam ninguém. O excesso de letras na sigla aponta para a mesma dificuldade de lidar com a questão da sexualidade que apontei acima no texto, ou seja, essa não é uma querela meramente da igreja evangélica, mas se mostra uma dificuldade contemporânea, hipermoderna. 

Ao tentar "definir" os microgrupos com letras cada vez mais específicas não estaria presente uma tentativa meio que desesperada de enquadrar a sexualidade dentro de padrões cada vez mais distintos? Essa fantasia da normatização não evidenciaria exatamente aquilo pelo qual as pautas identitárias de hoje visam eliminar? Paradoxalmente, quanto mais se prega a liberdade para a vivência da sexualidade, mais letras vão surgindo para "delimitar" quem é quem nessa relação. O caminho das siglas não deveria caminhar no sentido de redução das letras ao invés do seu aumento? E o que diríamos se outros grupos cada vez mais específicos quiserem ser representados? Todos os grupos devem ser aceitos e ter a sua própria letra na sigla? Isso não permitiria adesão de grupos que atualmente soam extremamente estranhos para nós? O que pensar sobre "sexo com robôs"? "Sexo com animais"? Coisas que hoje nos soam extremamente estranhas e perversas não estariam talvez próximas de acontecerem? Se a ideia soa extremamente estranha basta lembrar que há menos de 100 anos a questão homoafetiva também era considerada "aberração", "doença", "perversão", etc. e hoje não é mais. Qual seria o critério para se acrescentar uma nova letra nessa sigla? Esses grupos não teriam direito também à representação? Haveria um limite para essas representações?

 E o que dizer do "+"? Esse "+" aponta sempre para esse excesso indizível na vivência da sexualidade que nunca é eliminado. Os diversos movimentos atuais tem em vista sempre eliminar esse "+" de forma a se ver representado por um signo que contemplaria uma vivência específica, mas o que acontece é algo que Freud e depois Lacan apontaram muito bem que é o fato de que sempre que se tenta abarcar toda sexualidade algo sempre escapa, algo sempre resta. Sendo um bom freudiano diríamos que o que resta é a evidência de que o objeto da pulsão é sempre parcial, ou seja, aquele objeto último capaz de eliminar o "+" nunca será encontrado, sempre restará algo. Em lacanês diríamos que esse é claramente o objeto a. 

Percebe-se que a questão da sexualidade é algo extremamente intrigante e um assunto extremamente complexo de forma que nesse dia do orgulho gay, para além da celebração é preciso pensar de forma cada vez mais honesta o nosso desafio contemporâneo para que não caiamos em uma tentativa desesperado de um retorno à estruturas ultrapassadas que não tem nada a dizer (basicamente a posição da maioria da igreja evangélica atual), nem caiamos na falácia da liberdade sem limite que diversos grupos insistem em manter minando com isso toda forma de liberdade tipicamente humana. Se tem algo que a psicanálise nos ensina é que toda liberdade humana só se torna liberdade quando é fundamentada sobre um limite, sobre uma interdição; é só assim que é capaz de nascer o desejo que nos torna humanos. O desafio é grande tanto do ponto de vista teórico quanto prático, mas por isso mesmo instigante para a nossa reflexão, e o dia de hoje é propício para pensarmos sobre isso. 


quinta-feira, 21 de junho de 2018

"So love is the minimal form of communism." Alain Badiou sobre o amor



Os leitores do blog sabe que a questão do amor é algo recorrente nos textos por aqui  e por isso que este lindo do texto de Alain Badiou faz a sua entrada neste blog. Em grande medida Badiou coloca de forma bastante poética noções que ele desenvolve de forma mais filosófica em outros de seus vários livros. Para quem não conhece, Alain Badiou é um filósofo francês nascido em 1937, autor de vários livros e um dos principais pensadores contemporâneos vivos. Acesse aqui para conhecer um pouco mais sobre Alain Badiou. Segue abaixo o extrato do livro "In praise of love" publicado em 2012. 
“Love is not a contract between two narcissists. It’s more than that. It’s a construction that compels the participants to go beyond narcissism. In order that love lasts one has to reinvent oneself…Everybody says love is about finding the person who is right for me and then everything will be fine. But it’s not like that. It involves work. An old man tells you this!…I have only once in my life given up on a love. It was my first love, and then gradually I became so aware this step had been a mistake I tried to recover that initial love, late, very late – the death of the loved one was approaching – but with a unique intensity and feeling of necessity…There have been dramas and heart-wrenching and doubts, but I have never again abandoned a love. And I feel really assured by the fact that the women I have loved I have loved for always.
…Solving the existential problems of love is life’s great joy. There is a kind of serenity in love which is almost a paradise…’While desire focuses on the other, always in a somewhat fetishist[ic] manner, on particular objects, like breasts, buttocks and cock, love focuses on the very being of the other, on the other as it has erupted, fully armed with its being, into my life that is consequently disrupted and re-fashioned…’ The absolute contingency of the encounter takes on the appearance of destiny. The declaration of love marks the transition from chance to destiny and that’s why it is so perilous and so burdened with a kind of horrifying stage fright. Love’s work consists in conquering that fright…In love, fidelity signifies this extended victory: the randomness of an encounter defeated day after day through the invention of what will endure.
…In Paris now half of couples don’t stay together more than five years. I think it’s sad because I don’t think many of these people know the joy of love. They know sexual pleasure – but we all know what Lacan said about sexual pleasure…To an extent, I agree with him. If you limit yourself to sexual pleasure it’s narcissistic. You don’t connect with the other, you take what pleasure you want from them…I absolutely agree that sex needs to be freed from morality. I’m not going to speak against the freedom to experiment sexually like some old arse – ‘un vieux connard’ – but when you liberate sexuality, you don’t solve the problems of love. That’s why I propose a new philosophy of love, wherein you can’t avoid problems or working to solve them…But avoiding love’s problems is just what we do in our risk-averse, commitment-phobic society. [I] was struck by publicity slogans for French online dating site Méetic such as ‘Get perfect love without suffering’ or ‘Be in love without falling in love’. For me these posters destroy the poetry of existence. They try to suppress the adventure of love. Their idea is you calculate who has the same tastes, the same fantasies, the same holidays, wants the same number of children. Méetic tries to go back to organised marriages – not by parents but by the lovers themselves. Aren’t they meeting a demand? Sure. Everybody wants a contract that guarantees them against risk.
…Love isn’t like that. You can’t buy a lover. Sex, yes, but not a lover…I think that romanticism is a reaction against classicism. Romanticism exalted love against classical arranged marriages – hence l’amour fou, antisocial love. In that sense I’m neither romantic nor classic. My approach is that love is both an encounter and a construction. You have to resolve the problems in love – live together or not, to have a child or not, what one does in the evening…Simone de Beauvoir wrote that you are not born a woman, you become one. I would say you are not a subject or human being, you become one. You become a subject to the extent to which you can respond to events. For me personally, I responded to the events of ‘68, I accepted my romantic destiny, became interested in mathematics – all these chance events made me what I am…You discover truth in your response to the event. Truth is a construction after the event. The example of love is the clearest. It starts with an encounter that’s not calculable but afterwards you realise what it was. The same with science: you discover something unexpected – mountains on the moon, say – and afterwards there is mathematical work to give it sense. That is a process of truth because in that subjective experience there is a certain universal value. It is a truth procedure because it leads from subjective experience and chance to universal value…Real politics is that which gives enthusiasm. Love and politics are the two great figures of social engagement. Politics is enthusiasm with a collective; with love, two people. So love is the minimal form of communism.’”

Trecho do livro de Alain Badiou "in praise of love". Trecho originalmente publicado em https://brittlepaper.com/2012/09/love-contract-narcissists-alain-badiou-excerpt-praise-love/ acessado em 21/06/2018

quinta-feira, 14 de junho de 2018

O que é filosofia para Montaigne ?


Infelizmente não achei o autor da foto.



Pequeno texto escrito em 2005 respondendo à questão: "O que é Filosofia para Montaigne?"

Michel de Montaigne nasceu na França em 28 de fevereiro de 1533 e faleceu em 13 de setembro de 1592 com 59 anos. Montaigne era um nobre francês que teve uma erudita educação e desde cedo aprendeu a falar latim e grego, línguas que o auxiliaram bastante no desenvolvimento do seu pensamento, pois lia bastantes textos nestas línguas. 


Montaigne dedicou grande parte de sua vida na política e exerceu vários cargos na administração francesa. Depois de um tempo na vida pública, Montaigne decide se afastar do cargo e dedicar um tempo para si mesmo. Neste momento, se abrigou em sua biblioteca e dedicou-se mais a leitura de textos que gostava e começou posteriormente a escrever seu ensaios. 


Nos ensaios de Montaigne ele define o que é filosofia para ele, e como que ela deve ser exercida, e aprendida. Ele mesmo não se denominava filósofo, mas sua obra influenciou bastante, vários filósofos famosos, dentre eles René Descartes . 


Montaigne sempre criticou a forma que a filosofia era praticada pelos “filósofos” de sua época, ele criticava o uso excessivo de palavras que não querem dizer nada na maioria das vezes, ou que apenas servem para ludibriar as grandes massas, pois são bonitas de serem ouvidas. ‘Segundo ele essa palavras são de “ nenhum uso e de nenhum valor”  e essa crítica ele as estica aos filósofos que assim fazem, e não se preocupam primeiramente com a verdade. 


Para Montaigne, a filosofia deve ser um reflexo de uma vida, e não simplesmente palavras soltas ao vento. A filosofia para ele, começa com a idéia de “digestão”, segundo ele a partir da quilo que se aprende de fora, devemos digeri-lo e a partir daí criarmos algo que seja nosso, segundo ele, filosofa-se para viver, ou para aprender a viver, e apenas isso é filosofia de verdade. A filosofia é portanto algo que não tem uma idade para iniciar, ela pode ser aprendida desde criança, e é o que Montaigne recomenda a Diane de Foix, a quem é dedicado o capítulo XVI do Ensaio I . 


Montaigne propõe a Diane que estimule o seu filho a pensar por si só, até um certo ponto, Montaigne recomenda a leitura de livros, como Aristóteles , mas não, como seu exemplo próprio indica, gastar muito tempo para entender aquilo que parece obscuro a primeira vista. Para ele, a filosofia é algo simples e deve ser falado de forma simples, e quando se fala de forma muito difícil, é porque não há uma idéia bem firmada em sua cabeça. Para ele, quando se pensa bem, se fala bem como conseqüência. 


Os ensaios de Montaigne são reflexões próprias, acerca de si mesmo, e a sua pretensão, é passar uma idéia de quem ele era . É interessante notar que Montaigne era muito reservado, e é algo que ele coloca em seu ensaio III quando fala que aquilo que não mostrava a ninguém decidiu ele mostrar o povo. Pois quando escreve, ele procura tornar-se conhecido a partir de sua obra. 


Fica aqui a sugestão dos Ensaios de Montaigne para quem quiser conhecer mais sobre o filósofo. A Martins Fontes publicou tais ensaios e outras editoras também.