quinta-feira, 23 de junho de 2016

Aquele segundo evanescente: A Eternidade homeopática






Ah, se ali atrás daquela serenidade fosse permitido ver todo o peso do mundo carregado sobre aqueles ombros caídos. Se diante dos outros pudesse aparecer as chagas de um coração várias vezes triste e desolado diante da falta de alegria do mundo. Não fossem os olhos, que alguns dizem ser a janela da alma, a denunciarem tamanha incompletude, ninguém diria que ali bate como um martelo uma dor dilacerante. Não fosse os pequenos sinais dados a conhecer a apenas alguns mais próximos, ninguém desconfiaria. 

Como um Sísifo que vai subindo a montanha tendo a pedra sobre seus ombros; Empurra-a montanha acima como quem sabe ser a sua única tarefa. Empurra-a sobre seus ombros como quem está fadado a repetir ad infinitum tamanho desgosto. Mas até Sísifo por algum momento é capaz de esquecer a dor do mundo e a dor de ser quem se é. Até ele é capaz de se sentir orgulhoso por estar ali fazendo aquele trabalho sem sentido. 
Naquele momento, ali quando se esquece, naquele segundo evanescente, é como se tudo se fizesse novo e até o peso da grande pedra é esquecido. Naquele momento a eternidade se faz presente, pois o que define o momento eterno nunca é a sua duração (inconsistência puramente lógica, mas de caráter poético), mas o desejo de que aquilo permaneça para sempre. Aquele segundo, por mais rápido que seja, alivia Sísifo que agora é capaz de voltar à sua labuta inglória. 

"Num abrir e fechar de olhos" (I Cor 15,52) é a versão cristã do que chamamos acima de segundo evanescente, ou seja, em um mero ir e vir das pálpebras pode ser dita toda a esperança cristã até mesmo para o apóstolo Paulo, pois é  em um segundo evanescente que, segundo o texto, seremos capazes de esquecer todo o sofrimento do mundo para adentrarmos na eternidade. O abrir e fechar dos olhos (que é um movimento involuntário do corpo) parece apontar para a curiosa teologia da graça cristã. Graça que a todos abarca. Ali, onde não temos domínio sobre o executar, ali ela se revela mostrando-se como salvação vinda de Deus, como dom imerecido dado a todo homem. 

O segundo evanescente que nos faz esquecer do sofrimento diário é o momento buscado por nós todos os dias, o tempo todo, e que o conceito de "ressurreição" no cristianismo visa dar conta dessa busca de uma vez por todas. Assim como o piscar de olhos, o segundo evanescente de Sísifo também dura pouco, mas mesmo assim acredito que nunca nos cansaremos de esperar por ele, ou para os mais ativos, fazê-lo acontecer diante de nós. Como aquela árvore que Jó nos diz ser melhor que o próprio homem, pois com o cheiro das águas ela pode brotar, assim também aquilo que chamamos de segundo evanescente pode se colocar como aquele cheiro das águas que traz consigo a possibilidade do renovo diante de todo aparente  absurdo do mundo.



quarta-feira, 15 de junho de 2016

Did God send the shooter?







Recebi o seguinte pedido de uma pessoa muito querida: 

"Oi, Fabiano! Gostaria de provocá-lo a escrever um texto sobre os crimes gerados pela intolerância e o julgamento do outro. Devido aos últimos acontecimentos, penso que a humanidade caminha em círculos. Um abraço!" 

Esse texto é um esforço de responder a esse pedido. 




Vós não sabeis de que espírito sois ? (Lc 9,55)

Diante do cenário vivido por nós em que a religião ganha cada vez mais espaço na vida pública é interessante pensarmos em que medida algumas ações estariam ou não ancorados nos princípios defendidos por estas religiões. Os seus textos sagrados, quando lidos de forma atenta, parecem nos mostrar outra coisa que não os discursos de ódio propagados todos os dias entre nós. Um caso que teve muita repercussão recentemente foi o caso do atirador em Orlando que matou cerca de 50 pessoas em uma boate gay nos EUA. 

O crime já foi caracterizado tanto como "homofobia" quanto como "atentado terrorista", o que obviamente não impede que sejam as duas coisas ao mesmo tempo. É bem plausível pensar em um ataque terrorista promovido por uma pessoa homofóbica e é interessante pensar quais os interesses envolvidos em classificar um ato bárbaro como esse como uma opção ou outra. Curiosamente qualquer que seja a "motivação" aceita para o crime, ambas podem ser justificadas como sendo "vontade divina" de um deus que não consegue lidar com as diferenças, ou melhor, vontades de um deus intolerante. 

Se adotarmos a questão do ponto de vista do "ataque terrorista" fica claro que o atirador tinha em vista uma noção deturpada da Jihad islâmica e muito provavelmente agiu em nome dessa noção deturpada se colocando como mártir contra os infiéis exercendo a "justiça divina". Da mesma forma se pensarmos que se trataria de crime de motivação homofóbica a mesma dinâmica se repete e o atirador se sente como uma espécie de "enviado de deus" para exercer justiça contra os que praticam "coisas abomináveis aos olhos de Deus". Novamente uma leitura deturpada só que agora não da noção de Jihad e vontade de Alá, mas do texto bíblico e a suposta vontade do deus cristão. Percebe-se que as duas motivações  propostas para o crime (ato terrorista, homofobia) desembocam no mesmo lugar que é a noção de que se exerce algo em nome da chamada "vontade divina", e isso aponta para  a dificuldade de compreender o que está por trás das mensagens dos textos sagrados, o que ele visa nos revelar, fazendo assim um uso privativo de tais textos por meio de leituras fundamentalistas.

Aqui é interessante notar como que as religiões monoteístas e sua visão linear da história tem uma propensão a um caráter bélico. No judaísmo e no islamismo isso se mostra muito facilmente, ao passo que no cristianismo tal proposta se mostra de forma um pouco mais velada, mas ainda assim aparece. Basta lembrarmos os diversos apocalipses escritos no primeiro século para isso se mostrar nitidamente para nós. À medida que o tempo for passando e o fim for se aproximando mais e mais o mal mostrará a sua face e as intervenções divinas serão vistas de forma mais nítida. Talvez aqui esteja uma possível justificativa para o apoio encontrado entre alguns evangélicos do acontecido em Orlando. A visão compartilhada sobre o desenrolar da história corroboraria atos violentos... (estranho, mas possível...)

O versículo que propus para abrir essa pequena reflexão aponta para um evento em que, depois de saírem da experiência da transfiguração, Tiago e João se encontram diante de uma aldeia de samaritanos que se recusam a receber Jesus que estava indo para Jerusalém. Diante de tal recusa, Tiago e João propõem uma saída bastante enérgica e perguntam a Jesus: "Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?" Jesus obviamente acha aquela pergunta muito estranha e lhes pergunta: "Vós não sabeis de que espírito sois?" Ou seja, há uma diferença enorme entre a concepção de Deus proposta por Elias e a concepção de Deus proposta por Jesus. Jesus nessa hora ensina a tolerância, lhes afirma que "o filho do homem não veio para destruir a vida dos homens mas para salvá-las." (Lc 9,56), ou seja, o Deus que Jesus procura anunciar não está interessado em eliminar os inimigos, mas em salvá-los.

Na contemporaneidade a noção de tolerância se torna uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que se fala cada vez mais de tolerância, mais se vê atos que demonstram que tal noção se dá apenas em um nível discursivo e muito pouco no nível "prático". Em nome de uma suposta tolerância universal o que se vê é um novo tipo de fanatismo que dialoga de forma constante com a intolerância, pois o discurso da tolerância universal aponta apenas para a vacuidade hipermoderna que não dá conta de lidar com o diferente e no lugar disso propõe uma homogeneização das formas de pensar. Como diria Sponville, não se pode tolerar os intolerantes, pois isso aponta para o fim da própria tolerância. Na dinâmica da suposta "aceitação de tudo e de todos" evidencia-se de forma cabal a nossa dificuldade atual de lidar com o diferente. Isso demonstra uma cultura da indiferença tipicamente hipermoderna, onde a dimensão do Outro só entra quando de alguma forma corrobora a mim mesmo. Um narcisismo levado às últimas consequências, ou melhor (na expressão da Colette Soler), um narcinismo misturado com um relativismo cético.

Para além das "motivações de caráter sexual e suas repressões" já propostas por diversos jornais, o caso do atirador em Orlando aponta para uma intolerância em lidar com essas posturas diferentes, que longe de demonstrar uma "indisposição meramente no nível das ideias", demonstra mais uma intolerância em relação a qualquer um que pense diferente. Quando esse tipo de postura encontra uma justificativa em algum texto sagrado (Bíblia e Corão nesse caso) o cenário se torna extremamente propício para que o atirador se sinta justificado diante das medidas extremas que pretende tomar. Um fato curiosíssimo foi a igreja batista de Westboro sair às ruas com cartazes cujos dizeres o título desse texto faz menção. O fato de uma igreja evangélica se colocar a favor de tais atos nos mostra que tais leituras que motivaram o atirador não são "casos isolados", mas se mostram cada vez mais frequentes tanto na religião cristã quanto na religião islâmica. O fundamentalismo religioso pode ser encarado como uma forte tendência hipermoderna e pode ter como possível explicação a ausência de referenciais simbólicos a que estamos submetidos em nossa "sociedade líquida". 

O nosso cenário atual é extremamente conturbado. De um lado há um certo discurso normativo de uma tolerância universal aliado a um relativismo moral que afirma que todas as posições devem ser aceitas pelo simples fato de serem posições de um indivíduo dotado de razão e qualquer tipo de crítica ou juízo de valor devem ser evitados. Por outro lado temos os fundamentalismos religiosos que com suas leituras herméticas dos textos sagrados e suas  pregações de caráter bélico encaradas como verdades reveladas por deus motivam crimes em diversos países. Nesse cenário fica extremamente complicado emitir um juízo sobre nossa situação a não ser que elejamos um valor pelo qual estejamos dispostos a lutar, e tal cuidado na maior parte das vezes não é levado em conta de forma que julgamentos precipitados são emitidos toda hora. Talvez a ânsia de dar uma explicação para eventos que nos atormentam leve a emitir juízos várias vezes tão rasos e sem a devida reflexão. 

Analisar a época em que se vive é extremamente complexo, pois nos encontramos no olho do furacão com tudo girando ao nosso redor de forma que o distanciamento necessário para uma leitura mais "isenta" se torna impossível, no entanto, não podemos nos eximir de tentar compreender os fatos que nos cercam, mas sempre evitando julgar precipitadamente o que não conhecemos. Quando o assunto envolve temas religiosos os julgamentos precipitados são quase a tônica. Basta acontecer algum evento ligado à religião para que apareçam discursos de ódio generalizando as religiões afirmando que elas são "ópio do povo", que "todas deveriam acabar", etc. E curiosamente esse tipo de discurso não vêm de pessoas não esclarecidas, mas geralmente é no meio acadêmico que tais discursos simplistas encontram maiores moradas. Não acredito que tais julgamentos precipitados sejam uma boa resposta para problemas tão complexos. É preciso indagar diversas coisas, e uma delas, com certeza, é o papel da religião no mundo contemporâneo e ao mesmo tempo, o que se pode entender por religião no atual cenário. 

O acontecido em Orlando é, de fato, muito triste e deve nos fazer refletir sobre o impacto do discurso religioso na nossa época. A religião entendida como uma forma do homem se colocar diante do mundo, entendida como um possível norte para o sujeito, entendida como algo capaz de balizar o indivíduo diante das intempéries da vida não deve ser justificativa para atos que atentem contra a vida, mas infelizmente o que vemos é uma deturpação da religião promovendo discursos que incitam a violência e o menosprezo pelo diferente. Ao invés de celebrar a vida e promover a alegria, os discursos religiosos vão promovendo a morte e a tristeza. Que religião é essa que se alegra com a morte do planeta e dos seres humanos? Não é a religião islâmica e nem a religião cristã. Ambas são religiões pacíficas que com certeza condenam atos como o acontecido em Orlando.

Did God send the shooter? Absolutamente não. 

domingo, 12 de junho de 2016

Oba ! Um texto do Veliq sobre relações afetivas !








Em qualquer tipo de relacionamento afetivo o grande desafio é sempre conseguir lidar com o fato de que a forma que o outro resolve demonstrar o seu amor por nós pode diferir bastante da forma que nós demonstramos o nosso amor para com ele. A tentação aqui, se percebe facilmente, é evitar a todo custo a figura de Procusto, pois tal figura, além de gerar em nós expectativas que não serão correspondidas da forma que queremos, ainda mostra que caminhamos pouco em direção à aceitação do outro enquanto indivíduo dotado de liberdade de escolha. 

Por mais que falemos, expomos, justificamos nossas razões, evidenciamos a importância de determinados gestos que para nós são significativos, ainda assim caberá sempre ao outro atender ou não a essa demanda. E a meu ver, quanto mais nos colocamos no papel daquele que cobra determinada ação do outro, mais demonstramos para ele a nossa carência afetiva e a nossa dependência dele. 

Esse movimento último é também extremamente curioso na medida em que a princípio não há nada de errado se mostrar dependente, em alguns aspectos, de outra pessoa; em vários momentos isso pode ser extremamente saudável e sabemos o quanto é bom termos pessoas com quem podemos confiar independente da situação. Por outro lado, ao mostrar a nossa carência afetiva para o outro, nos sentimos (até para nós mesmos várias vezes) como "o mais fraco" da relação. Como aquele que sempre está "atrás" do outro e nunca como alguém "almejado" por ele. Como alguém que pode simplesmente ser deixado de lado em nome de qualquer outra tarefa "mais importante". Esse movimento é algo que acontece com certa frequência em diversos relacionamentos em que a proximidade é grande. Cabe notar aqui que tal sentimento deriva diretamente daquela expectativa criada que falávamos há pouco, ou seja, deriva da espera que o outro vá agir da mesma forma que nós agiríamos em determinada situação.

Como mostramos um pouco mais acima, é bastante claro que a liberdade da ação do outro em relação à nossa demanda determinará em última instância a forma como ele agirá quando for convocado a dar uma resposta. O outro pode simplesmente não se importar com aquilo e transformar tal questão em um "problema menor" de forma que tudo não passará de um "ataque histérico", algo "fruto do cansaço", e uma vez minimizado o problema, a chance de uma resolução autêntica na relação deverá seguir por um outro caminho que não o adotado até o momento. A outra alternativa é sempre a esperada, afinal ela é aquela que se propõe ao diálogo, a entender exatamente o peso da questão para o outro, é ela que proporá alternativas e possíveis saídas para que ambos se sintam confortáveis na relação. Geralmente essa alternativa é a menos adotada  na maioria dos relacionamentos, pois para tal alternativa é preciso o pressuposto da disposição que fere o meu desejo de onipotência em relação ao outro. 

Muito pouco às vezes é necessário para trazer alegria ao outro; e talvez a simplicidade e a facilidade disso nos leve a querer buscar sempre os gestos grandes, pois os gestos grandes podem ser menos freqüentes pelo simples fato de serem grandes. E várias vezes o que se espera são pequenos atos freqüentes ao invés de grandes atos esparsos. 

Toda relação afetiva tem complicações que demandam esforços de todos os lados para que se resolvam e sirvam para a solidificação da relação. Estar atento aos sinais emitidos pelo outro é algo de extrema importância para fazermos uso da nossa liberdade tendo em vista sempre o bem estar da relação. Obviamente que aqui está envolvido o fato de que nem sempre fazer uso da minha liberdade significa fazer apenas o que quero, na hora que quero, mas inclui sempre colocar a demanda do outro na conta para que o outro seja uma espécie de balize para agirmos em uma determinada situação. 

Agindo dessa forma evitamos a tentação de Procusto de querer que todos se encaixem em nosso padrão de conduta e ação e respeitamos a liberdade do outro, pois sabemos que para ele nós somos amados e respeitados em nossos anseios e vontades. 



Por favor, não me analise 

Não fique procurando 
cada ponto fraco meu 
Se ninguém resiste a uma análise 
profunda, quanto mais eu! 
Ciumenta, exigente, insegura, carente 
toda cheia de marcas que a vida deixou:
Veja em cada exigência 
um grito de carência, 
um pedido de amor! 

Amor, amor é síntese, 
uma integração de dados: 
não há que tirar nem pôr. 
Não me corte em fatias, 
(ninguém abraça um pedaço), 
me envolva todo em seus braços 
E eu serei perfeita, amor! 

(Do livro "Bom dia amor!", Mirthes Mathias, Juerp, 1990) 
Poema disponível em https://juliribeiro.wordpress.com/category/mirthes-mathias/ acessado em 08/06/2016

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A possibilidade de um reflexo







O dia não era um dos melhores. Nem mesmo a natureza resolveu cooperar e trouxe um dia triste, de muita chuva, nublado, e por mais que apreciasse tal clima, ainda assim aquilo trazia uma espécie de tristeza, pois acostumamos socialmente a dizer que os dias de sol são dias felizes e os dias nublados são dias tristes. Meras manias sociais adquiridas.

O dia lá fora aparecia naquele momento apenas um grande reflexo do dia interior. Sei lá, um dia em que a própria visão sobre nós aparece deturpada, onde nos sentimos não tão bons assim, não tão estimados assim, não tão belos assim. E nessas horas há sempre a chance de que nos convençamos de tais mentiras que contamos para nós mesmos. Curiosamente acreditamos muito mais facilmente nas mentiras que contamos para nós do que nas verdades sobre nós.

Nessas horas gostaríamos de ter aquele espelho da Branca de Neve que diz para nós a verdade que insistimos em não ver. Mas sabemos que espelhos mágicos habitados por espíritos são dificílimos de serem arranjados, e talvez por isso teríamos que contar apenas com o nosso próprio reflexo para dizer coisas que insistimos em não ver. O nosso reflexo ali nos diria a verdade sobre nós mesmos, mostraria para nós a nossa beleza esquecida diante dos inúmeros tormentos, medos, angústias da vida. Naquele momento ali de frente do espelho não nos veríamos como os piores, os mais exigentes, os imperfeitos, os que não alcançaram suas metas, os que se esforçam sem sentido, os fracassados, mas nos veríamos como pessoas belas, amáveis, cuidadoras, que se importam, que fascinam, que lutam, etc. Veríamos as nossas qualidades sobressaltadas à nossa vista.

Ali diante de nós mesmos nos veríamos com a justa medida do que somos. Não precisaríamos criar para nós a ilusão de que devemos fazer algo a mais para sermos amados, não precisaríamos criar para nós a ilusão de que precisamos estar maquiados, penteados, arrumados para sermos lindos diante do mundo. A experiência do nosso reflexo traria para nós a verdade simples de que somos os mais belos que podemos ser, de que amamos com todas as nossas forças, de que somos amados pelos que nos amam do jeito que somos, de que nossa beleza não depende da validação externa de ninguém, de que somos pessoas agradáveis, etc. 

O nosso reflexo seria como aquele bom senso esquecido; seria como aquele que estende a mão e a coloca por debaixo da nossa e diz: "É apenas um mal dia! Isso também passará! Da próxima vez que nos olharmos você estará melhor!" E ali naquele momento nos sentiríamos confortados, com uma visão melhor sobre nós mesmos; Mas não porque aquilo veio de fora, mas porque olhamos para nós mesmos e percebemos que somos muito melhores do que várias vezes nos achamos.

E depois disso perceberíamos que mesmo que lá fora ainda chova, aqui dentro agora surge um pequeno raio de sol, uma pequena luz que se colocada no lugar correto iluminará todo o nosso interior. A esperança renasce.