segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O Brasil é um oximoro



https://olhares.sapo.pt/oximoro


Há no Brasil coisas que desafiam nossa compreensão

O traficante evangélico!
O Liberal que vota em Estadista!
O Patriota entreguista!
O Batista que guarda sábado!
O evangélico que defende tortura!
O pobre de direita!
O negro neonazista!
O pobre liberal!
O funcionário público que defende estado mínimo!
O imigrante ilegal contra a corrupção!
O infiel a favor da família!
O psicanalista lacaniano pedindo retorno do pai da horda primeva!
O candidato democrático que defende o fim da democracia
A Igreja evangélica que apóia fascista
O morador no exterior que defende saída autoritária para o Brasil
O protesto a favor do retorno de um governo militar
A mídia comprada pela esquerda


O Brasil é um oximoro !



quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Nós, a esquerda ...







Como recentemente pontuou o Safatle, nós da esquerda ainda temos uma espécie de complacência com o outro na medida em que ainda acreditamos que o outro apenas "não entendeu" o nosso ponto, de que a questão é apenas de falta de elucidação. Pensamos que se explicarmos melhor, talvez seremos capazes de convencê-lo por meio da argumentação. No entanto, não é isso que acontece. O debate político nunca foi o lugar da argumentação, mas sempre dos jogos de poder. Lembremos de Sócrates com sua brilhante defesa na ágora que não adiantou de nada, pois a elite grega estava contra ele. Um dado curiosíssimo a ser ressaltado é que as duas acusações que fizeram a Sócrates foram exatamente sobre Deus (blasfemar contra os deuses da cidade) e sobre a família (perverter a juventude ateniense). Sócrates poderia argumentar ad infinitum que todos já tinham decidido sua sentença, pois o jogo de poder ali já estava mais que acertado entre as elites da época.
A política sempre se fez com luta permeado pelas condições materiais de existência dos sujeitos que são sobre-determinados por estruturas muito maiores que eles. Com advento da psicanálise ficamos conhecendo que vários desses processos se dão de maneira inconsciente, o que coloca a questão em um lugar ainda mais árido. Já não bastasse a estrutura cerceante, agora ainda se tem dinâmicas sobre as quais não há domínio, mas se é dominado por elas.
Dessa forma que hoje em dia, no cenário atual, não adianta tentar elucidar o sujeito, não é uma questão de elucidação. É questão de luta efetiva, luta política na mais autêntica acepção do termo, pois por meio de uma pretensa "comunicação universal", a la Habermas, nunca se mudou absolutamente nada. A questão é saber se a esquerda estará preparada para tal luta ou se continuará com o seu viés de "esquerda festiva" promotora de "diálogos" e "rodas de conversas" que resolvem muito pouco a vida prática das pessoas. A identificação com o discurso de ódio do sujeito é um processo inconsciente, não é um processo que se resolverá por uma elucidação. Não é um processo que uma espécie de "iluminismo ingênuo" resolverá.

O momento é delicado. É preciso pensar, mas é preciso agir !