terça-feira, 17 de março de 2009

"O Deus que permite que seu sol se levante para justos e injustos, crentes e descrents, cristãos e pagãos é um Deus indiferente às divergências religiosas, que nada sabe delas, que em verdade nada mais é do que a natureza."- (Feuerbach em "A essência da religião" - Papirus, 1989 pg 97).

Achei muito boa esta frase do Feuerbach. Pra quem não sabe Feuerbach foi um filósofo alemão do século XIX que ficou conhecido por afirmar que a teologia no final não passa da antropologia. Por causa dessa afirmação e várias outras referentes a religião, foi banido da universidade onde trabalhava e condenado ao ostracismo. Ostracismo esse que o ajudou a produzir grandes pérolas para a posteridade.

O livro de onde saiu a frase que dá início a esse devaneio é um conjunto de palestras ministradas por ele na alemanha a pedido de alguns alunos de uma universidade.

Achei a frase muito interessante e realmente ela mexeu comigo. Eu acredito que sinceramente Deus não está preocupado com as divergencias religiosas, que sinceramente Deus está mais preocupado com que façamos a vontade Dele, não que fiquemos discutindo que tipo de ideologia, ou utopia está correta e qual está errada.

Como vários afirmam: "Jesus não veio fundar uma religião." Embora na prática, a maioria dos projetos de evangelização nada mais são que tentativa de espalhar meu "vírus ideológico" para o maior número de pessoas. Não estou em nada preocupado com o próximo, apenas quero por meio de um tipo de sacrifício, obedecer aquele que eu acho que me chamou para tal tarefa afim de, no final, ganhar a vida eterna.

Acredito que, se tirássemos a "vida eterna" de dentro dos discursos evangélicos atuais, a maioria das pessoas deixariam todas suas práticas justas em nome de Deus. O que nos leva a pensar que talvez tudo não passe de mero egoísmo de nossa parte. Se o que queremos é a salvação, o amor está longe de nós. O que nos sobra é mero egoísmo. E egoísmo esse mascarado em prol de uma "conversão dos perdidos".

Ao espalhar meu "vírus ideológico", estou apenas longe de Deus, que em nada está preocupado com ideologias, mas quer que amemos uns aos outros como Ele nos amou primeiro.

A leitura do texto de Feuerbach é um ótimo exercício para aqueles que querem pensar a fé e a religião. O nome de Feuerbach significa rio de fogo, e eu aconselho vcs a atravessarem tal rio. A serem provados pelo fogo...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Não sei o que pensar.

Sempre as pessoas me perguntam: - Por que vc continua indo lá? Se a sua situação é tão conflituosa com a instituição por que vc ainda está lá?

Sempre respondo: Por causa das pessoas que estão lá. A maior parte dos meus amigos estão lá e por isso estou lá.

Daí me rebatem: Mas vc não precisa estar lá para manter sua amizade com eles.

A isso eu nao sei responder. Concordo com o rebate. Realmente isso é verdade.

Não me sinto preso à instituição de nenhuma maneira, meu relacionamento com ela há muito já se perdeu, e o que restou foi meramente a "crosta", foi simplesmente a casca da velha lagarta.. Não há mais acordo, e como diria o boiadeiro amós " como andarão dois juntos se não houver acordo?"

Acredito que talvez seja hora de não adarmos juntos. Talvez seja hora de divorciar da insituição, ser simplesmente mais um no meio das pessoas. Simplesmente divorciar.

Talvez vc objete falando: Mas pq não tentar a reconciliação? Pq não reaver os laços? Acredito que a primeira coisa que precisa haver para isso é confiança. E já foi mais que demonstrado que, por parte da liderança da instituição, não há confiança sobre meu trabalho, sobre minhas idéias. Todas elas são vistas como subversivas, vistas com um pé atrás. Sempre precisam de um espião para ver o que estou fazendo...

- Olha, toma cuidado com as idéias dele. Elas são perigosas! A verdade está do nosso lado, então "qualquer evangelho que pregue, que não o nosso, seja considerado anátema".

Para a tristeza daqueles que não detém o poder, a assimilação entre o que Paulo fala e a ortodoxia da igreja já está mais que firmada e estabelecida...

Qual a opção da instituição então? Ora, é considerar anátema, todo aquele que questiona, uma vez que, questionar, é trazer "ventos de doutrinas,", é trazer "vãs filosofias" que contaminarão a verdade que temos falado. Trazer novas idéias, é uma ameaça a algo que já está pronto. Ao invés de se abrir ao diálogo, as pessoas simplesmente são excluídas.

Quão triste posição essa assumida pela instituição igreja a que me refiro... Posição dogmática que não se abre para o futuro, simplesmente reproduz o passado que há muito perdeu o sentido. Em nome do dogma, que se vá as pessoas. Em nome desse "Deus", que se percam todos que discordem conosco...

Isso poderia me fazer sentir empenhado em mudar essa situação... Em ter esperança para agir em meio ao dogmatismo e perseverá propagando os ideais de liberdade do protestantismo. Falta-me apenas uma coisa: "Poder". como já dizia o humpt dumpt na história de Alice no país das maravilhas: "O problema é saber quem está no poder!", ou para sermos mais teológicos "Não adianta lutar contra quem é mais forte que vc"! (Eclesiastes)...

Mas a falta de poder abre caminho para a esperança, a ação abre caminho para a esperança, pq agimos temos esperança de que algo irá acontecer... e esperamos enquanto agimos, e isso é algo que ninguém pode nos tirar.

Temos que agir, mas a ação não implica em pertencer a instituição igreja, uma coisa não está ligada a outra...

Talvez seja hora de pensar a ação em outro lugar para a transformação do mundo em reino de Deus.