Como
Aristóteles resolve o problema entre movimento e o repouso no ser?
A
questão que Aristóteles se propõe a resolver é antiga e remonta
desde Heráclito com o problema do movimento e repouso.
Aristóteles
migra esse problema para tentar explicar o ser. “O ser está em
constante mudança,” era o que afirmava Heráclito. Mas para que
algo mude é preciso que haja alguma coisa no ser que permaneça
imóvel.
Aristóteles
para resolver o problema distingue no ser o que é ato, e o que
é potência. Por ato, Aristóteles entende como aquilo que já
existe no ser desde o princípio, e por potência, ele entende como
aquilo que o ser tem possibilidade de ser.
Seguindo
essa linha, Aristóteles afirma que o primeiro motor que move todas
as coisas é um ser incorruptível e o é assim em essência. Pois é
o primeiro que move os outros e se quisermos um movimento perfeito é
necessário que o primeiro motor seja perfeito pois dele partirá os
outros movimentos.
O
problema de como princípios iguais geram seres corruptíveis e
incorruptíveis é respondido a partir das idéias de substância e
acidente. Por substancia, Aristóteles entende aquilo que é
essencial do ser, e por acidente aquilo que é atributo
circunstancial e não-essencial do ser.
Juntamente
com a ideia de ato e potência Aristóteles afirma que o ser se diz
de várias formas, e portanto , o fato de ter os seres os mesmos
princípios não garante que o ser possuirá as mesmas
características; isso porque no percurso podem haver “acidentes”
que conduzirá o ser por outro caminho. A noção de potência
também é levado em conta pelo fato do ser ter a capacidade de
vir-a-ser várias coisas no decorrer do tempo.
A
causa disso, segundo Aristóteles está no fato do ser poder ser dito
de várias formas. Essa foi a forma que Aristóteles encontrou para
resolver o problema do movimento e do repouso.
Existe
algo no ser que é imóvel, e outras coisas neste mesmo ser que são
móveis, o que dá ao ser essa dualidade e resolve em si o problema
do movimento e do repouso.
O
fato de haver pessoas corruptíveis e incorruptíveis não está
portanto ligado à parte imóvel do ser, ou àquilo que ele é em
essência, mas sim ligado à sua potência, e aos acidentes que
determinam como esse ser agirá. Assim o papel do primeiro motor é
simplesmente mover o ser, mas não em determinar se ele será
corruptível ou incorruptível.
Os
acidentes pertencem ao ser, mas não são necessários para a
natureza dele. Os acidentes ajudam a determinar como que o ser irá
agir em determinada situação, definindo-o assim como corruptível
ou incorruptível.
Esse
texto foi escrito em 2005 enquanto cursava o segundo período de
Filosofia na UFMG.