quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O Atalaia






Nem sempre os ouvidos atentos encontram ouvidos atentos
Afinal, quem vigia o atalaia enquanto ele faz o seu trabalho?
Não existe o atalaia do atalaia, mas ele sempre está sozinho.
E talvez apenas por estar sozinho é que seja capaz de ser um atalaia.

O atalaia olha para todos os lados, exceto para dentro de sua fortaleza
E aí, bem dentro do seu lugar, se encontra o objeto que lhe causa angústia
Nada ele pode fazer pois nunca encontra com este objeto,
Já que seus olhos sempre estão fixos na cidade.

O atalaia cumpre seu papel de olhar para fora,
Mas sob a pena de nunca olhar para dentro
Nas vezes que o faz, raramente encontra alguém para ouvir seus gritos
Novamente está sozinho.

O atalaia sempre tipifica nós mesmos.
Estamos sempre de olho na cidade, sempre de olho nos perigos que vêm de fora,
Mas raramente olhamos para dentro da nossa fortaleza
De onde talvez virão os maiores perigos.

E quando o atalaia olha para dentro e quer erguer sua voz para alguém
Não raro encontra o nada como ouvido atento.
E novamente está sozinho.

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