segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Sobre o que Jesus não disse






Jesus nunca disse nada sobre a questão de gênero.
Jesus nunca disse nada sobre casamento gay
Jesus não disse nada sobre o uso de contraceptivo
Jesus não disse nada sobre o aborto
Jesus não disse nada sobre regime político
Jesus não disse nada contra os imigrantes
Jesus não disse nada sobre sistema econômico
Jesus não disse nada sobre sexo antes do casamento
Jesus não disse nada sobre sexo de maneira geral
Jesus não disse nada sobre comer ou não comer algo
Jesus não disse nada sobre cigarro
Jesus não disse nada sobre maconha
Jesus não disse nada sobre drogas de maneira em geral
Jesus não disse nada sobre futebol
Jesus não disse nada sobre uso de roupas
Jesus não disse nada sobre formas de se relacionar com seu corpo
Jesus não disse nada sobre televisão
Jesus não disse nada sobre religiões de matrizes africanas
Jesus não disse nada sobre os negros
Jesus não disse nada sobre os imigrantes
Jesus não disse nada sobre socialismo
Jesus não disse nada sobre fetos
Jesus não disse nada sobre bons costumes
Jesus não disse nada sobre internet
Jesus não disse nada sobre ideologia
Jesus não disse nada sobre direita
Jesus não disse nada sobre esquerda
Jesus não disse nada sobre centro
Jesus não disse nada sobre intervenção do Estado na economia
Jesus não disse nada sobre a proposta liberal
Jesus não disse nada sobre comunismo
Jesus não disse nada sobre ideologia
Jeus não disse nada sobre tatuagem
Jesus não disse nada sobre bebida alcoólica



Esse é o Jesus dos evangelhos. Se para você isso soa por demais estranho sugiro que releia os evangelhos e tente encontrar alguma fala de Jesus sobre estas coisas apontadas aí acima. Como você não vai encontrar absolutamente nada sobre esses temas, pare de forçar textos bíblicos como pretexto para preconceitos institucionais, culturais, sociais, etc. 


No entanto, os evangelhos nos mostram um Jesus super preocupado com a justiça social, com a vida em comum de todos os que o seguem, com o não acúmulo de riqueza. Jesus se mostrou muito preocupado quanto à hipocrisia daqueles que guardavam a lei, mas se esqueceram do espírito dela, ou seja, se preocupavam com a letra da lei, enquanto maltratavam o próximo, expulsavam os imigrantes, roubavam dos pobres, maltratavam as mulheres, não cuidavam dos órfãos, ignoravam as viúvas, etc. 
Jesus se mostrava extremamente preocupado em acolher as prostitutas, os ladrões, os considerados impuros, os leprosos, os convalescidos, em lhes dar uma dignidade que o status quo não lhes permitia ter. 

Jesus se preocupava constantemente com a humanidade dos que com ele conviviam, com o questionamento que os seus próximos levantavam, com as questões que eles lhe faziam. O Jesus dos evangelhos nunca incitou o ódio, nunca incitou o discurso xenofóbico, excludente, machista, misógino, desumanizador, colonialista; pelo contrário, Jesus esteve sempre ao lados dos mais pobres, dos que não tinham parte na terra. Esse é o Jesus descrito nos evangelhos; um Jesus que foi considerado um criminoso por Roma por ir contra a casta sacerdotal de sua época, um Jesus que morreu como ladrão, como presidiário, como quem sofredor da injustiça de um regime opressor. 

Jesus é um exemplo de que nem sempre a lei é justa, que nem sempre a legalidade anda de mãos dadas com a justiça. Já em Jesus percebemos claramente que a justiça em sua forma institucional está sempre ao lado dos poderosos, está sempre do lado de quem tem poder e raramente em favor do pobre. Por isso talvez que a proposta de Jesus se torna extremamente subversiva, pois propõe um novo olhar sobre a justiça, não a legalidade da lei escrita, mas a avaliação da humanidade da pessoa em primeiro lugar; não a condenação indiscriminada, mas o avaliar atento das demandas que coloca o sujeito sempre como centro da lei e não a letra morta que não vivifica absolutamente nada. Jesus denuncia constantemente que uma lei que abre mão da humanidade do sujeito não deve ser cumprida; se isso soa muito estranho, apenas relembre o caso da mulher adúltera em que a fala de Jesus foi simplesmente "nem eu tão pouco te condeno".  , relembre o caso de Jesus sobre curar no sábado, sobre os sacrifícios no templo, sobre as regras de pureza e impureza, sobre a cura dos leprosos, etc. etc. etc. 

Em todos esses casos a prioridade de Jesus nunca foi a letra da lei, mas sim o espírito da lei que tem no homem a sua prioridade. A partir do momento que a lei é utilizada para desumanizar o homem, para o humilhar, para lhe roubar a dignidade essa lei não é para ser cumprida. Isso pode soar extremamente estranho para os nossos ouvidos tão acostumados a vincular a execução da lei com "ordem de Deus", mas para Jesus o homem está acima da lei e é esse o ponto esquecido constantemente na subversiva proposta de Jesus. Uma lei só é boa se humaniza o homem, e é má quando desumaniza o homem. Esse é o Jesus dos evangelhos.

O nazismo era legal
A ditadura era legal
O apartheid era legal
A escravidão era legal
O Klux Klux Klan era legal

Se você pensa que Jesus teria apoiado qualquer um desses movimentos, então sugiro veementemente que releia os evangelhos. 






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