segunda-feira, 17 de maio de 2010

reticências para um novo ano


E lá se vai mais um ano.
Tempo que não volta, experiências que estão agora na memória; na minha, e na de várias pessoas com as quais já convivi.

Fico feliz por mais este ano que se inicia.
Quero colher mais flores, quero sofrer melhor, quero pelo menos uma vez me sentir feliz diante das coisas que não vão correr bem.
Tem coisas que só aprendemos com a idade que chega, com os anos que passam. Com as novas esperanças que se frustram, com as que se realizam.

Espero não te ver assim tão triste, feição esta tão comum em seu rosto neste ano que se vai.
Pelo menos que a tristeza seja algo passageiro, apenas uma visita inusitada que traz um pouco de brilho a uma vida que seria sem graça se fosse sempre alegre.

Mas quem sabe as alegrias serão mais constantes neste novo ano,
Talvez as desilusões nos trarão motivos de risos,
A vida sem graça de um trabalho sem sentido obterá motivo de esperança
Não porque o trabalho mudou, não porque o salário aumentou, mas porque os olhos mudaram

Porque o "além-do-trabalho" agora me sorri ao invés de me provocar apenas motivos para pensar, chorar, frustrar e angustiar.
Os olhos antes caídos olharão para cima, e as trevas se transformarão em luz pelo simples gesto de um amigo.

Texto triste para o desejo de um feliz ano novo. Mas se todo texto é reflexo do escritor, porque não transformar o texto em manifesto de esperança ao invés de desejos vazios que ouvimos nesta época.

De que adianta desejar muita paz, alegria e saúde quando na realidade tudo isto não passa de palavras vãs jogadas ao vento?
Prefiro cantar a esperança verdadeira, aquela que brota do fundo da alma, aquela que titubeia sobre a corda bamba da existência, a afirmar as falsas, as dogmáticas sem sentido, as que pretendem ser visões prontas da realidade.

Cantando pelo menos a melodia invadirá os corações dos desesperançados, e talvez trará algum refrigério aos corações abatidos.

Schopenhauer já exaltava a música como maior manifestação do gênio, a reforma se utilizou dela para cantar os novos ares que estavam por vir.

Cantemos o novo ano, manifestemos a esperança do "ainda-não". Eis o convite para o novo ano que se inicia.
Dancemos, cantemos, celebremos a alegria de um novo ano. Não porque já vemos melhoras, mas "apesar de" não vermos melhora alguma.

Cri, por isso cantei.

Doce canto da fé.

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