Pensa-se na vida, na morte, no sentido, na falta dele. Não se pensa também sobre nada.
As vezes só o bater do vento sobre sua cabeça já é o suficiente para um dia perfeito.
Acaba-se perdendo essa admiração com as coisas simples da vida enquanto nos preocupamos com tudo mais que é tão vão como qualquer coisa que se desfaz no ar...
Passo por esta praça toda semana e é a primeira vez que paro e aproveito o que de graça ela me oferece.
Descanso nela. Ela que sempre esteve aqui e eu nunca percebi.
E tem como não pensar em Deus nesta simples analogia?
Sempre tão perto, oferecendo gratuitamente momentos de prazer por meio das coisas criadas. Pena passarmos tanto tempo da nossa vida sem reparar nesta beleza e gratuidade, buscando-o as vezes nos chamados "túmulos de Deus" para usar a expressão de Nietzsche.
Compensaria uma volta à proposta aquiniana ou até mesmo do salmista que afirma que a criação proclama a glória de Deus... Talvez daí a proposta agostiniana de afirmar Deus como beleza...Chego a querer parafrasear Agostinho no livro X das confissóes e dizer "Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova. Tarde demais eu te amei. ..."
Bom pensar na praça, no jardim, talvez o lugar onde estejamos mais próximos deste que achamos sempre tão longe.
Lembremos do Éden... A história que contava que Deus passeava no jardim...