terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Templo de Salomão - Parte 3 - O pastor R.






Uma das coisas que acho muito interessante em qualquer viagem que faço é conhecer o modo de vida das pessoas que residem no local. Sempre dou preferência por andar de ônibus, metrô, a pé, ou seja, experienciar a cidade em que estou e tentar viver ao máximo como se fosse um residente daquela cidade. Dessa forma, procuro ir aos lugares onde as pessoas vão para almoçar, passear e etc. Obviamente que quando vou a turismo acho interessante visitar os pontos centrais das cidades, mas procuro sempre fazer isso da maneira mais "local" possível. Esse tipo de experiência é muito interessante e, pelo menos para mim, faz com que a cidade pareça mais verossímil do que simplesmente entrar em um táxi ou uma van e sair de um lugar diretamente para outro sem perceber as vivências sociais, pessoais, etc. 

A mesma ideia caminha comigo quando vou em algum restaurante, mercado, ou coisas do gênero. Sempre procuro conversar com a pessoa que está executando determinado serviço para saber sobre a sua satisfação em fazer determinada coisa, saber se o valor que recebe de salário é um valor que lhe agrada, saber se a pessoa se sente bem fazendo o que faz, se as leis trabalhistas são cumpridas quanto a jornada de trabalho, valores recebidos, etc. Acho muito bom ouvir as pessoas sobre essas questões e é algo que se tornou bastante natural para mim. Sempre faço esse tipo de coisa e várias vezes é uma experiência muito interessante. Lembro de certa vez que reparei que as atendentes de uma determinada loja na praça de alimentação de um shopping não tinham lugar para sentar em seu balcão e daí perguntei se lá dentro havia algum lugar para descansarem e elas me responderam que não, que elas tinham que ficar em pé durante todo o turno de trabalho sendo que uma delas até comentou com a outra para não comentar nada sobre o assunto. Fiz uma reclamação com o gerente no dia e depois ainda mandei um email para a rede de alimentos relatando o fato. Dias depois passei lá e vi que já tinham colocado um banco para as funcionárias sentarem durante o expediente. (Obviamente que não sei dizer se minha denúncia cooperou ou não para isso, mas pelo menos o problema se resolveu aparentemente)

Outra experiência interessante que tive foi durante a visita ao templo de Salomão em SP no final de 2015. Dentro do templo encontramos o pastor R. que muito gentilmente nos conduziu pelo templo e nos explicou diversas coisas sobre o funcionamento do local. Durante nossas andanças pelo templo com ele lhe perguntei sobre a sua formação, se residia ali em SP, se estava gostando da experiência de ser pastor na Universal e ele me disse que aquilo era tudo que ele sempre quis fazer. Ele me contou que se converteu ainda adolescente na Universal da Paraíba e desde a sua conversão queria se tornar pastor da igreja, pois achava aquela função algo muito bonito e se totalmente se via exercendo tal função. Depois da conversão o pastor R. passou a frequentar os cultos e sempre com o desejo de se tornar pastor. Ao atingir uma idade maior o pastor R. entrou para o seminário de formação de pastores da igreja Universal e fez o curso para se tornar pastor ainda na Paraíba. Segundo ele, aquele primeiro passo era o início da realização de um sonho.
Quando ficou sabendo da construção do templo de Salomão, o pastor R. colocou em sua cabeça o sonho de ser um dos pastores no templo. Aquele era o seu novo sonho e ele nos contou que fez tudo o que podia para ajudar na construção do templo. Ele se recorda até com certo orgulho que ele mesmo contribuiu com o valor de 1 cadeira para o templo (O valor de cada cadeira do templo, segundo ele, é de R$ 2842,00) e que quando da inauguração do templo ele fez questão de viajar para SP e estar presente. Segundo ele a sua experiência ali foi maravilhosa e ele até hoje não consegue explicar a forma como foi parar como um dos pastores do templo de Salomão, mas se sente extremamente realizado por estar ali "cooperando" com o serviço exercido ali.
O pastor R. em toda a sua simplicidade e dedicação estava realmente convencido de que no templo de Salomão havia algo "diferente" que levava todos a se "aproximar de Deus" de forma que nos explicou o porquê da proibição de celulares e câmeras dentro do templo como aquilo que atrapalharia uma experiência genuína e quebraria a ambientação propícia para tal experiência. 

Uma coisa que achei interessante no pastor R. é que ele falava como quem realmente acreditava que o seu papel estava sendo extremamente bem executado e que aquele era de fato o lugar que Deus planejou para ele. Toda a discrepância entre o templo, sua estrutura, seu funcionamento e aquilo que ele realmente ganhava era deixado de lado em nome desse objetivo que traçou para si e que via como quem fazia parte daquilo. O pastor R. parece demonstrar para nós algo muito comum na relação entre a igreja e o mundo que a circunda. É como se para dentro dos muros do templo nada mais importasse além da própria estrutura do templo. Toda a pobreza que circunda o templo, toda situação marginalizante é deixada do lado de fora para que das portas para dentro a coisa funcione. Algo muito parecido reparei na visita a Aparecida do Norte no início de 2015. Dos portões para dentro uma realidade muito diferente daquela que é vista dos portões para fora. Enquanto do lado de dentro reina a opulência, a beleza, do lado de fora reina a pobreza, a sujeira e é como se os dois mundos jamais se encontrassem.

O pastor R. parece alheio a essa divisão entre o seu papel dentro do templo e o seu lugar que deve ser exercido fora dele, ou seja, enquanto pastor que deve cuidar de todos aqueles que necessitam, quer esteja dentro ou fora do templo. A vida do pastor R. nos pareceu se resumir à sua função no templo, e aqui o conceito de alienação aparece na sua forma talvez mais crua. Longe do clichê da alienação religiosa vinculada a ignorância, pois aqui não parece se tratar disso, mas antes uma alienação muito mais perversa, ou seja, aquela que faz o ser humano ser reduzido à sua função como algo da qual não deve sair nunca. Ele passa a se definir por aquilo que faz e isso é muito mais comum do que às vezes imaginamos. O pastor R. em toda a sua dedicação à sua função parece apontar para nós aquilo que várias vezes queremos esconder, ou seja, que no mundo do capital nos definimos a partir daquilo que fazemos, que nos definimos a partir da nossa relação com o capital, e nada além disso importa, exceto que executemos a nossa função da "melhor maneira possível". Podemos até não aceitar que "Deus nos colocou em tal lugar", mas colocamos outros "deuses" como responsáveis por nosso papel social.

Diante dessas impressões acredito que o pastor R. seja um exemplo paradigmático tanto da relação entre igreja-mundo, em que o lado de dentro dos muros fica em grande parte alheio ao lado de fora, quanto da relação sujeito-igreja, em que o sujeito se mescla à sua função exercida remetendo à dimensão sujeito-mundo-dominado-pelo-capital em que o sujeito se define apenas por aquilo que realiza no mundo do trabalho, e aqui podemos perceber algo que já é sabido de vários que é a estrita relação atual entre igreja e capitalismo que se acentua de forma extremamente peculiar no meio neopentecostal da qual a IURD é símbolo.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Templo de Salomão - Relato antrosociológico - Parte 2 - Sobre a segurança e a não representação imagética no templo





Algo muito interessante sobre a visita ao Templo de Salomão que descrevi no último texto é a ausência da possibilidade de se fazer qualquer tipo de filmagem, imagem sobre o templo. Tal impedimento é tão grande que, como relatado no texto descritivo, há diversos detectores de metal na porta do templo e até mesmo para o uso dos sanitários, de forma que visa-se ao máximo impedir qualquer tipo de registro da experiência que se tem no templo. 

A meu ver há dois tipos de justificativa para esse tipo de medida. Sendo uma do ponto de vista teológico e outra do ponto de vista "sociológico". 

A justificativa do ponto de vista teológico foi a primeira coisa que pensei. Quando vi a seriedade com que se pensa a ausência de registro imagético no templo, a conhecida relação entre a não-representação possível de Deus no judaísmo oposta à suntuosidade do templo foi a primeira coisa que me ocorreu. Como se sabe o Deus judaico não podia ser representado de forma alguma, e qualquer tipo de tentativa de representação da divindade era completamente estranha ao povo de Israel. Isso vemos claramente no segundo mandamento dado a Moisés "Não farás para ti imagens de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra [...]  não a adorarás e nem as dará culto" (Ex 20,4-5). Enquanto no mandamento judaico a restrição se daria em torno da "imagem" de Deus, em relação ao templo de Salomão a restrição se dá em nome da "presença de Deus" que supostamente estaria naquele lugar e por isso não deve ser "captada" por nenhum tipo de aparelho eletrônico. 

A questão da "imagem" como aquilo que denigre de alguma forma o objeto representado é pensado de maneira muito séria no judaísmo, tanto que nem mesmo o próprio nome de Deus (YHWH) pode ser pronunciado como forma de não "restringir" aquilo que Deus é. O acesso a Ele se daria, no judaísmo, apenas por meio de pequenos símbolos que em nada toca aquilo que Deus seja, mas apenas "representa" parcamente aquilo que "pensamos sobre ele". Talvez daí a presença de inúmeros artefatos judaicos no interior do templo. Os candelabros, que segundo o pastor Rodrigo, representariam os "sete espíritos de Deus" em referência ao texto de Apocalipse 3,1 seriam um constante lembrete de que ali há algo da presença de Deus que "circundaria" todos os presentes e ao mesmo tempo um lembrete constante de que qualquer imagem, qualquer tentativa de representar o "lugar onde Deus está" deve ser duramente evitada.

O relato da construção do templo de Salomão é descrito no texto bíblico em I Reis do capítulo 6 a 8 e mostra toda a suntuosidade do templo construído que demorou 13 anos para ser concluído. A versão da IURD demorou apenas 4 anos para ser construído, e percebe-se diversas tentativas de fazer algo parecido ao relato bíblico, embora não haja uma preocupação em seguir a risca o relato do texto. 

A outra justificativa, a sociológica, seria a questão da segurança (bombas, atentados às pessoas, etc.) e para isso seria interessante relatar que todo o templo conta com um sistema de filmagem que segundo o pastor Rodrigo, é capaz de registrar "a página da Bíblia que o fiel está lendo" (Palavras dele). Esta preocupação com a segurança é algo bastante sintomático, pois é algo bastante diferente do que é visto nas igrejas católicas mesmo com toda a riqueza que há nos templos católicos. Em nenhuma igreja católica que visitei até hoje havia detector de metais, em nenhuma havia sistema de segurança que visava restringir acessos a áreas dos templos, pois aparentemente o próprio templo traria em si a noção de "respeito" à presença divina que ali estava. Segundo o pastor Rodrigo, o celular, as câmeras, etc. atrapalhariam o andamento do culto e seria motivo de distração, algo que tiraria o fiel da presença de Deus. Esse aparelho eletrônico por isso deveria não estar ao alcance das mãos dos fiéis durante a celebração. 

Essa preocupação exacerbada com a segurança aponta na direção de que mesmo querendo que ali se reflita a "presença de Deus" é como se tal templo, por maior e mais opulente que seja não fosse capaz de trazer essa experiência do divino para dentro de suas portas e necessitasse para isso que se revestisse de uma espécie de "especialidade" para que aquele que entra por suas portas reparasse que o lugar seria um lugar diferenciado. A não possibilidade do registro imagético aponta, portanto, para um vazio tanto estético quanto religioso da própria construção e isso aponta ao mesmo tempo para a diferença gritante que se vê entre um templo católico, em que a preocupação estética se faz presente de forma extremamente nítida e a ausência de preocupação estética nos templos evangélicos em que a opulência visa assumir o lugar da beleza, mas falhando de forma visível. 

A não possibilidade de se registrar é a meu ver algo bastante sintomático da enorme fissura que há entre o interior do templo e o exterior da cidade. Enquanto no templo reina a opulência, a magnitude, das portas pra fora reina a pobreza, a pequenez dos que passam. Registrar tal fissura seria mostrar para todos que o templo que ali está em nada representa de fato o povo que até ele vai para celebrar. A fissura entre o cotidiano e o templo não pode ser registrado, pois tal fissura apenas apontaria aquilo que o imaginário popular já sabe há muito tempo e que até mesmo o próprio Jesus colocou de forma muito clara aos seus discípulos, i.e, que não se pode servir a dois senhores. Curiosamente, a única vez que o relato bíblico compara o Deus judaico a "outro Deus" é quando se fala sobre o dinheiro. Os "dois senhores" (Deus e a riqueza) são colocados como opções "excludentes" quando o assunto é serviço. Ou um é servido, ou o outro, os dois se tornam impossíveis de serem adorados pela mesma pessoa. 

O templo de Salomão da IURD faz uma tentativa desesperada de unir esses dois senhores mostrando que por meio da opulência seria capaz de trazer a presença de Deus para um determinado lugar, no entanto se esquecem que, como o próprio Jesus aponta, onde há um deus chamado riqueza clamando por adoração não é possível haver um deus sem nome a ser adorado. O não registro imagético, aparentemente visa esconder tal oposição proposta por Jesus entre os dois senhores criando em nome da "segurança" uma tentativa vã da não representação como algo que apontaria para o antigo Deus judaico. 


Visita ao templo de Salomão em SP (Relato antrosociológico) (Parte 1)






No final de 2015 tive a oportunidade de visitar São Paulo e como já estava por lá não podia perder a oportunidade de visitar o aclamado "Templo de Salomão" construído pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). A experiência foi interessantíssima, e sobre ela que escrevo esse texto. Foram várias impressões suscitadas em mim e por isso talvez esse relato gere alguns outros textos por aqui, mas por enquanto deixo apenas algumas impressões.

A primeira coisa que se nota é antes mesmo da chegada ao templo. No bairro em que se encontra o templo, o Brás, há uma colônia enorme de bolivianos que trabalham nas fábricas têxtil. Esses bolivianos vêm para o Brasil em busca de uma vida melhor e não raras vezes acabam trabalhando em trabalhos que beiram a escravidão nas inúmeras fábricas de roupas que há em SP. O Brás é um bairro muito grande e populoso com uma população mais humilde e um comércio muito ativo. São lojas e mais lojas de roupas para todos os gostos e tudo com um preço bem atrativo. Por ser um bairro muito grande e muito populoso não é difícil encontrar pedintes nas ruas, no entanto, algo que me chamou muita atenção já  no caminho para o templo é que vários desses pedintes estavam lendo a Bíblia. Eles estavam na calçada, pedindo dinheiro, mas também estavam lendo a Bíblia. Esse fato em si já me chamou bastante atenção, pois não foi apenas um pedinte que vi fazendo tal leitura, mas pelo menos três nas imediações do templo, o que de fato é muito curioso. A condição material de existência deles não diferenciava dos outros pedintes em nada, o que já dá algo para pensar. Obviamente que não dá para saber se esses pedintes leitores do texto bíblico frequentam ou não alguma igreja na região. 

Em relação ao fato de haver outras igrejas na região, isso também me chamou muita atenção. O templo de Salomão fica na Avenida Celso Garcia, 605, mas ali naquela mesma avenida há mais 3 igrejas sendo uma catedral da própria IURD que fica a uns 300 metros do templo de Salomão do mesmo lado da rua; uma igreja católica EM FRENTE ao templo de Salomão, e exatamente DO LADO da igreja católica há uma igreja Assembléia de Deus enorme. Em um espaço de 500 metros há 4 templos, sendo 3 templos evangélicos (sendo dois da IURD) e um templo católico. Isso tudo aponta para a religiosidade bastante latente no Brás. Desde os pedintes que leem o texto bíblico até a existência de tantos templos em um espaço tão pequeno mostra que de alguma forma a religiosidade é algo bastante explorado naquele bairro. Com certeza há várias outras igrejas em ruas próximas à avenida Celso Garcia, mas o tempo não permitiu que visitasse outras avenidas para comprovar tal fato.  Essa presença maciça da igreja evangélica em uma rua tão movimentada aponta, a meu ver, para uma interessante estratégia de evangelismo que visa de alguma forma oferecer talvez uma espécie de "conforto" para a dura vida dos moradores do bairro. Se com efeito positivo ou negativo é o que precisa ser averiguado. 

Claro que por se tratar de uma igreja tipicamente neopentecostal não podia faltar o elemento financeiro envolvido, e no caso específico da IURD essa ligação é bastante clara. Bem ao lado do templo de Salomão há uma loja que vende produtos da IURD tais como livros, cds, camisas, etc. e também souvenir do próprio templo, tais como réplicas da arca da aliança, réplicas do próprio templo, candelabros em tamanhos normais e miniaturas e tudo mais que se puder imaginar que faça alusão ao templo de Salomão que está ao lado. Essa prática não é algo próprio apenas da IURD, em várias igrejas neopentcostais isso acontece. Na Batista da Lagoinha em Belo Horizonte tem-se a Seara desde muito tempo, na Batista Getsêmani em Belo Horizonte também há uma loja para venda de produtos da igreja, etc. O comércio e o culto caminham muito juntos nas igrejas neopentecostais, e isso é algo que não é segredo para ninguém. 

Dado essa visualização rápida de onde estava, o contexto sócio-cultural do Brás e o panorama da Avenida Celso Garcia, passo agora a descrever as minhas impressões sobre a visita ao templo de Salomão.

A entrada do templo já é em si um negócio abismal. O portão mais externo que dá na rua abre às 18h para a celebração que começa às 20h. Entre o portão externo e a porta do templo há um um grande pátio onde as pessoas ficam batendo fotos, conversando, crianças brincando, etc. No final desse grande pátio, antes do acesso ao templo principal, há uma linha de seguranças (homens e mulheres) que vistoriam todos que querem ter acesso ao templo. Há detectores de metal como se fosse a entrada de um grande show. Não se pode ter acesso ao templo portando absolutamente nenhum tipo de acessório eletrônico. Nada de celular, câmera, filmadora, extremamente nada nesse sentido é permitido. Os seguranças que fazem a revista com os detectores de metal indicam os guarda-volumes onde se pode guardar os aparelhos eletrônicos antes de entrar para o templo, e antes também de usar os banheiros. Nos banheiros também há detectores de metal.

Finalmente passada a vistoria, guardado os aparelhos eletrônicos tem-se acesso ao templo. Ao entrar no templo percebe-se de cara a suntuosidade da obra. É um imenso galpão com 9545 cadeiras (segundo o pastor que gentilmente nos contou) que segundo o pastor ficam lotadas em determinados cultos, chegando às vezes ter reuniões com cerca de 12.000 pessoas. O pé direito do templo é altíssimo e nas paredes laterais há 6 enormes candelabros que representam a presença de Deus. Na frente do templo, atrás do púlpito há um grande véu branco que encobre parcialmente a grande arca da aliança dourada que há atrás, e na parte da frente do púlpito há réplica de pedras preciosas tais como descritas no Apocalipse de João. Rubi, Ametista, etc.

A ambientação no templo é bem lúgubre e enquanto as pessoas entram para o templo, no sistema de som fica-se tocando uma música instrumental bem tranquila para dar um clima mais aconchegante ao ambiente. Na entrada do templo as pessoas responsáveis por receber os fiéis ficam vestidos com uma roupa branca com uma fita amarela dando cumprimentos em hebraico, tipo "Shalom" e outras saudações tipicamente judaicas.

Há diversos pastores que se encarregam de encaminhar as pessoas para seus lugares e estão aptos para responder perguntas sobre o templo. Um desses pastores que encontramos foi o Rodrigo que foi super atencioso conosco e nos explicou várias coisas sobre o templo. Uma dessas coisas foi que toda a pedraria da parte interna do templo veio de Israel. O piso, os revestimentos de mármore, granito, etc. tudo veio diretamente de Israel. O Rodrigo nos conduziu à parte lateral do templo onde fica uma espécie de capela junto a oliveiras vindas diretamente do Uruguai (tentativa de representar o monte das Oliveiras descrito no NT). Esta capela só pode ser visitada no tour guiado por um "sumo sacerdote" que custa R$ 25,00 e precisa ser previamente agendada. O Rodrigo também nos disse que junto ao templo há uma torre de 18 andares que abriga tanto os pastores que lá residem quanto outras coisas da Universal, tais como estúdio de TV, escola bíblica, etc. e também há 3 estacionamentos nos arredores sendo que um deles cabe mais de 10 mil carros segundo ele. Ainda na parte de fora do templo há diversas bandeiras representando todos os países onde a IURD possui templo.
É tudo extremamente grandioso no templo, extremamente suntuoso, no entanto a questão estética não é algo muito frisado no projeto do templo. Mesmo com toda a suntuosidade percebe-se claramente que é um grande galpão com alguns toques de estilo. Muito diferente de uma igreja católica, por exemplo, onde a questão estética é visível nos diversos quadros, aspectos arquitetônicos, etc.

Diante de tal experiência é impossível não aparecer diversas questões referentes à relação entre a instituição e sua função social, questões sobre a religião em si e o caminho do neopentecostalismo no Brasil, no entanto essas reflexões ficarão para o próximo texto para não tornar esse aqui muito cansativo.