sábado, 27 de junho de 2009
Michael Jackson...
domingo, 21 de junho de 2009
à beira do caminho
Quando Jesus estava saindo da cidade de Jericó, com os discípulos e uma grande multidão, encontrou um cego chamado Bartimeu que estava sentado na beira do caminho, pedindo esmola. (Mc 10:46)
Eis que o semeador saiu a semear, e aconteceu que, enquanto semeava, uma parte das sementes caíram a beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. (Mc 4:3,4)
Nisso, dois cegos sentados à beira da estrada ouviram que Jesus estava passando. Gritaram: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós! (Mt 20:30)
Várias coisas acontecem à beira do caminho. Várias coisas acontecem que estão à margem de onde passam as multidões. As sementes que caem a beira do caminho alimentam as aves que voam enquanto ninguém nota o que caiu.
À beira do caminho sempre tem alguém, os que estão à beira do caminho também são vistos por Jesus.
Pena que a maioria quer ser multidão. Quer estar onde todos estão, quer falar o que todos querem ouvir.
Não penso que semear à beira do caminho seja perda de tempo, não penso que semear à beira do caminho seja semear errado. Penso que quem semeia à beira do caminho, é aquele que está as vezes à beira do caminho. O Deus dos ricos é diferente do Deus dos pobres. Assim como o caminho para quem está à beira dele, é diferente para aqueles que estão no meio da multidão. Na multidão não há identidade, não há nomes, não há indivíduos. É apenas multidão. À beira do caminho não há multidão, resta apenas a singularidade, esta várias vezes convertida em solidão.
Marginalizado, i.e colocado à margem; não visto. Assim como os cegos à beira do caminho. Não viam nem eram vistos, estavam à beira do caminho. Estavam marginalizados. E mesmo assim Jesus os dirige a palavra: "O que queres que eu vos faça?" Pena que não tem havido o mesmo sentimento que houve em Cristo. Procurar os que estão à beira do caminho, semear algo para eles.
Deus já dizia: "Nenhuma palavra que sair da minha boca voltará vazia." Se ela não atingir ninguém, pelo menos as aves comerão.
Essa talvez seja a minha esperança. Semeando à beira do caminho talvez a palavra alimente um daqueles que lá estão, talvez alimente um daqueles que não têm parte na terra, e se não o fizer pelo menos as aves comerão.
Procuro seguir a tática incentivada pelo Eclesiastes. Lanço o meu pão sobre as águas, espero encontrá-lo algum dia...
sexta-feira, 19 de junho de 2009
a igreja narcísica
Liríope passeava quando se aproximou das margens do rio, Céfiso a aprisionou e desse contato a engravidou. Para ela, tal fato foi repugnado, porém deu à luz a um menino de beleza inimaginável. Logo, Liríope atormentou-se, pois para os deuses, a beleza fora do comum é algo condenável e temido, pois possuir a beleza à altura das divindades é algo passível de punição.
A mãe de Narciso, em sua inquietude, decidiu consultar Tirésias, um velho sábio cego, que tinha o poder da adivinhação, para saber sobre o futuro de quem foi concebido em circunstâncias tão peculiares. Tirésias lhe respondeu que Narciso viveria até a idade madura, na condição de jamais ver sua própria imagem (Brandão, 1989).
Condenado a não ver sua própria imagem, os anos se passaram e ele tornou-se um adolescente muito belo, arrogante e desdenhoso por suas qualidades. Começam as paixões pelo filho de Céfiso, muitas o desejavam, capturadas por sua beleza. Porém, Narciso não se rendeu a nenhuma dessas paixões, ficando indiferente.
Dentre elas, havia uma em especial: a Ninfa Eco que havia regressado do Olimpo após a vingança de Hera, esposa de Zeus. Eles viviam em discórdias conjugais, pois Zeus era libertino, promíscuo e infiel.
Em obediência ao grande Zeus, Eco havia enganado Hera, enquanto ele a traía. Ao descobrir isto, Hera ficou extremamente humilhada com as aventuras de Zeus. Ele desonrou o que ela considerava de mais sagrado: o matrimônio. Então, Hera condenou Eco a não mais falar, limitando-a a repetir os últimos sons das palavras que ouvisse. Amaldiçoada, Eco foi compelida a nunca mais se expressar, replicando as vozes que não as suas.
Certo dia, Narciso estava no bosque e Eco, amante das aventuras campestres, o viu, encantou-se com sua beleza e o seguiu. Ele ficou perdido e foi surpreendido pelo barulho dos passos de alguém, gritou e discorreu a seguinte situação:
Narciso: Há alguém por perto?Eco : Há alguém.Narciso: Vem!Eco: Vem!Narciso: Por que foges de mim?Eco: Por que foges de mim?Narciso: Unamo-nos aqui!Eco: Unamo-nos!
O primeiro encontro foi marcado pela imagem bela de Narciso, que se deixa seduzir pela bela voz de Eco, que na verdade é a sua própria, escutando as palavras de Eco de modo a ouvir o que desejava. Eco, por sua vez, se viu diante da maldição: não ser amada pelo que é, mas como reflexo de Narciso nos sons que repetia. O desencontro e o mal-entendido se instalam.
Tal desencontro culminou na rejeição de Narciso, e Eco, após ter sido repelida tão friamente, se isolou numa imensa solidão e se transformou num rochedo condenada a repetir somente os derradeiros sons do que lhe diziam.
As demais ninfas, revoltadas com a insensibilidade de Narciso, pediram vingança à deusa Nêmesis, Deusa da Justiça. Em certa caçada, ávido por água, ele foi até o lago e observou uma sombra e ao olhá-la, ficou enfeitiçado com sua imagem e dali não saiu mais até sua morte, desgostoso com a impossibilidade de consumir sua paixão.
O mandato cumpriu-se e ele não conseguiu jamais alcançar a união amorosa com o objeto pelo qual se apaixonou. Ali ficou até sua morte e, quando procuraram seu corpo, encontraram apenas uma flor amarela, solitária e estéril - Narciso.
domingo, 7 de junho de 2009
carta nunca lida pelos destinatários
Essa resposta foi dada a um grupo de pessoas de uma determinada igreja, que questionaram uma frase que coloquei no meu orkut. Ela nunca foi lida pelos destinatários. Por causa disso cheguei a ser impedido de lecionar na escola dominical....
Esclarecimento sobre a frase do orkut
“E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos.” Mt 6:7
Devido a diversas manifestações por parte de membros da igreja por causa da frase escrita no meu Orkut, venho por meio deste texto esclarecer o que disse na referida frase.
A frase em questão é a seguinte:
“Prefiro o mantra hindu ao evangélico, o primeiro pelo menos tem um objetivo!”
Como alguns membros fizeram a pesquisa sobre o que seria um mantra, não acho necessário explicar aqui o que seria um mantra. Apenas faço a ressalva de que o mantra hindu tem um objetivo que é levar aquele que o pratica a uma união com Brahma, um dos deuses hindus, por meio da meditação e fruição do prana (uma energia que flui do corpo). O mantra portanto, é uma repetição de certas palavras ou sílabas que levam o adorador hindu a um estágio de união com seu deus.
O que chamei de “mantra evangélico” na frase, são as repetições que fazemos em nossas igrejas enquanto cantamos nossas músicas. Essas repetições às vezes ininterruptas, não contêm um objetivo claro para a maioria daqueles que a praticam, e na maioria das vezes, a prática dessas repetições são irrefletidas e se perguntarmos a algum membro o porquê ele está repetindo a canção, é bem provável que não saiba explicar tal motivo.
O mantra evangélico a que me refiro é uma prática comum dentro de nossas comunidades evangélicas e tem se tornado muito freqüente em nosso meio. Ele se caracteriza por uma série de repetições de determinadas frases juntamente com notas musicais que se repetem indefinidamente, só que sem nenhum objetivo específico. Durante essas repetições é raro ver alguém se aproximando mais de Deus por meio delas, como também uma mudança de vida por parte daquele que pratica tal repetição.
No mantra hindu, o adorador tem um objetivo claro que é o de se tornar um com seu deus, ao passo que no nosso mantra, esse objetivo se perde tornando simplesmente “vãs repetições”. Acredito que a recomendação de Jesus sobre a oração se adequa ao louvor também. Não é pelo muito falar que seremos ouvidos. Devemos evitar as vãs repetições que não nos levam a nada e se tornam extremamente cansativas.
Algumas interpretações da frase demonstram mais um erro de leitura e interpretação do que propriamente um erro conceitual. Chegaram a perguntar o porquê não viro hindu de uma vez, ao passo que a questão que a frase coloca não é essa. A frase faz uma contraposição entre o mantra hindu e o mantra evangélico. “prefiro o mantra hindu ao mantra evangélico, o primeiro pelo menos tem um objetivo!” Era dessa forma que a frase deveria ter sido entendida, e eu acredito que isto está bem claro na mesma...
Muito me espantou o fato das pessoas incomodadas com determinada situação não terem me perguntado diretamente o que tal frase significava, mas simplesmente deduziram uma interpretação (errônea) e levaram à liderança da igreja para que ela viesse falar comigo e pedir explicações. Uma vez que a frase está exposta no meu Orkut, qualquer pessoa poderia deixar um “scrap” ou um “recado” na minha página e solicitar tal esclarecimento que eu teria enorme prazer em esclarecer a tal pessoa o objetivo da frase. No entanto, o que vi é que as pessoas preferem fazer uma leitura apressada e não confrontar diretamente a pessoa em questão. Não fazendo o que a bíblia recomenda que é a confrontação direta em amor. No entanto não foi isso que aconteceu e a meu ver isso revela apenas a falta de maturidade por parte daqueles que evitaram tal confronto.
Espero por meio deste pequeno texto ter esclarecido àqueles que viram a frase e não a entenderam, e estou sempre disposto a quaisquer outros esclarecimentos que se fizerem necessários.
Fabiano Veliq – Filósofo 15/01/2009