quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Beleza da "Nublidade"









A beleza dessas manhãs têm me feito muito bem.
É como se todos os dias eu pudesse caminhar livremente por caminhos por onde ainda não passei
Caminhos antes fechados para mim, talvez, fechados por mim mesmo.

Como tem sido revigorante caminhar por eles. Tenho descoberto tantas coisas. Tenho entrado em tantos lugares onde nunca achei que poderia entrar.

Experienciar coisas que pensei só poderiam ser lidas nos livros, talvez em algum poema da Clarisse Lispector, ou em algum poema do Withmann

Mas não é assim.

A beleza das manhãs está na simplicidade delas, nada demais. Apenas um desejo de se caminhar, apenas o desejo de deixar que o sol brilhe, mas pouco de cada vez. Talvez seja isso a coisa mais bela da manhã.
O nascer do sol desafiando o céu antes nublado. "Nublidade" essa que vai se dissipando sem se perder. Um espetáculo digno de ser visto por todos.

Ver o despontar de um brilho que ilumina o que antes estava oculto.

Interessante que muitas pessoas não entendem o que acontece quando presenciam a cena. Acham que é apenas mais um dia comum que se levanta diante delas, perderam talvez a sensibilidade para se apreciar o evento. Só conseguem olhar e reclamarem por estar demorando o acontecimento. Não conseguem ver a mágica que ocorre diante de si.

Talvez a mágica só faça sentido para o espectador que está contemplando essa "nublidade" que aos poucos se dissipa, mas que insiste em permanecer. Talvez ela seja proibida a todos aqueles que não conseguiram entrar nesse caminho da descoberta.

Talvez nunca teria sido capaz de ver esse interessante acontecimento se não resolvesse entrar por esse caminho antes desconhecido. Como estou feliz por caminhar por ele, caminhar com ele, ver aquilo que está à sua margem, ver a beleza que reside na opacidade. Me mudando enquanto ando, e mudando o caminho enquanto por ele vou.


Talvez o caminho não mude, mas eu que mudo minha forma de vê-lo, e dessa forma é como se ele mudasse pra mim, mas talvez ele esteja mudando também, mas teria que voltar até ele para ver se mudou ou não. Talvez um dia eu retorne por onde comecei....


Penso que a cada dia que passa eu confio mais no caminho e ele confia em mim também, sei que posso andar com ele até os "vales da sombra da morte" e mesmo assim não temer mal algum porque ele estará comigo, afinal é ele quem me conduzirá. Da mesma forma o caminho se sente confiante em me deixar caminhar por ele sabendo que os pés que o pisam visam também o melhor para ele. O caminho confia em mim também.


Como tem me feito bem caminhar por esses caminhos antes desconhecidos, vendo a nublidade e, ao mesmo tempo, contemplando um pouco a luz do sol.


Novamente beleza da nublidade.


2 comentários:

  1. Seu brilhante texto me fez lembra uma vez que estava indo de casa para o trabalho, em Palmas, no Tocantins. Eu vi a paisagem na janela e pensei, observando evidentemente as pessoas que compartilhavam comigo o coletivo,essa beleza é tão cotidiana que as pessoas perderam a medida do belo enquadrando tudo no corre-corre do dia-a-dia. Talvez a magia da vida esteja se diluido na àrdua tarefa do cotidiano. abraços!!!!!

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  2. concordo contigo.. as vezes perdemos a habilidade de nos encantar com o corriqueiro... é quando essa habilidade volta é que nasce um filósofo. como dizia o Aristóteles: "Admirar, esse é o começo da filosofia"

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