A páscoa é talvez a data mais importante para o Cristianismo, afinal ela celebra a ressurreição de Cristo que possibilitou a salvação de todo aquele que crê. A páscoa é uma das festas judaicas assimiladas pelo Cristianismo. Em meio a toda a dinâmica atual do consumo que faz da páscoa apenas uma data comercial no intuito de vender ovos de chocolate acho importante relembrar o real sentido e origem desta festa.
Como a maioria deve saber, a prática de dar ovos de presente é bastante antiga e antigamente as pessoas se presenteavam com ovos pintados, ovos de ouro, etc, até que com os espanhóis na América maia/asteca desenvolveu-se a prática de fazer ovos de chocolate para presentear uns aos outros. No entanto, a páscoa não tem nada a ver com ovos, mas tem a ver com a história, a escravidão, a libertação.
A páscoa judaica celebra a saída do povo do Egito liderados por Moisés descrito no livro do Êxodo. A páscoa celebra esta memória.
Enquanto o povo estava preso no Egito, Deus enviou as 10 pragas. Moisés havia falado ao povo de Israel para que aos 10 dias daquele mês o povo tomasse um cordeiro e o reservarssem para que no décimo quarto dia eles o sacrificassem e o comessem.
Depois de comido o cordeiro, o sangue dele deveria ser aspergido na porta. O cordeiro deveria ser comido com ervas amargas e pães ázimos. Naquela noite aconteceria a última praga que seria a morte de todos os primogênitos, cuja casa não estivesse com o sangue de um cordeiro na porta. O povo de Israel fez conforme a ordenação dada por Moisés, e na noite em que o "anjo da morte" passou sobre o Egito, toda casa que tinha o sangue na porta foi poupada, enquanto a casa dos egípcios que não tinham colocado o sangue na porta teve o primogênito morto. Após este ocorrido o Faraó libertou o povo que andou pelo deserto até à terra prometida. Deus ordenou ao povo que isso fosse sempre lembrado, como "estatuto perpétuo" para lembrar ao povo da libertação que Deus lhes proporcionou naquele dia. O pão ázimo lembra o sofrimento enquanto o cordeiro lembra a salvação.
A páscoa cristã é entendida como sinal da redenção que Deus deu aos cristãos. Na páscoa, celebramos a ressurreição de Jesus que, com isso, redime o homem do pecado, dando a este a possibilidade de se achegar a Deus de forma direta, sem intermédiarios.
Assim como o cordeiro era imolado na páscoa judaica e comido com ervas amargas (como lembrança ao povo de Israel sobre o tempo que passou no Egito como escravo), o cordeiro de Deus foi morto em meio a sofrimento, para libertar os homens do pecado. Cristo, ao se sacrificar por todos, apagou essa exigência da imolação de um animal para que o pecado fosse perdoado. Se antes, para todo pecado cometido era preciso que um animal fosse sacrificado, Cristo substitui a necessidade deste sacrifício se colocando como cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo por meio de seu sacrifício (Jo 1:29). Sacrifício último, vicário, uma vez que é o próprio Deus que morre para que tenhamos vida. Com o sacrifício de Jesus, temos acesso direto ao pai.
Depois de três dias, Cristo ressuscita dentre os mortos, vencendo a morte e possibilitando a todos a esperança da ressurreição no último dia. A ressurreição é celebrada porque é por meio dela que a salvação é possível. Nas palavras de Paulo, "E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé." (1 Coríntios - 15:14). A ressurreição de Cristo nos marca profundamente. Ela então está no centro da pregação cristã e por isso celebramos a páscoa. A liberdade dada ao povo no Egito é levada às últimas conseqüencias pelo Cristo que nos liberta para vivermos uma vida em abundancia.
Celebremos, pois, esta dada, e lembremo-nos de seu real significado: a ressurreição de Cristo e o amor de Deus pelos homens.
Feliz páscoa!