quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Enquanto tomava um copo de chá




Onde eu trabalho há dois tipos de bebida disponível. O café, bem forte e amargo, e o chá, bem ralo e doce.

Sempre, portanto, há duas opções para quem quer beber alguma coisa. Somos livres para escolher tomar o café ou o chá.

A maioria das pessoas que conheço preferem o café, talvez seja cultural, talvez algo do mero hábito mesmo... não sei. O que sei é que a maioria das pessoas que conheço tomam o café.

O chá já é menos apreciado, as pessoas o acham muito doce, muito sem graça. Dá pra ver o fundo do copo ao tomarmos o chá. Já o café não. Vemos apenas o café, nada além dele, apenas aquilo que aparece na superfície.


Talvez essa seja uma boa aproximação do nosso convívio com os outros. Podemos ser como o chá, ou podemos ser como café.

As pessoas que são como café, são pessoas muito turvas, nunca sabemos o que se passa no interior de si, nunca conseguimos ver além da superfície, nada além daquilo que se mostra a primeira vista. Como o café do meu serviço, várias dessas pessoas se tornam amargas por não conseguirem compartilhar o que há no seu interior. Não conseguem compartilhar suas angústias, seus medos, não conseguem ser transparentes como o chá.


Já o chá é o contrário. Com ele conseguimos ver o fundo do copo. Conseguimos mergulhar no interior e vê-lo como ele realmente é. Vemos aquilo que o sustenta, vemos o copo no fundo. São pessoas que se mostram, que são transparentes, que não se preocupam em parecer fracas demais, doces demais, pessoas que amam sem cerimonia, que se expressam, que falam de seus sentimentos... Enfim, pessoas doces e não amargas. Pessoas transparentes, límpidas.


Infelizmente o que mais vemos são pessoas agindo como café. Elas preferem ser igual o café. Preferem o amargo da aparencia, à beleza do interior, e sob essa "máscara turva" criada, trazem consigo o gosto amargo daquilo que não conseguem digerir em si próprios.


Meu desejo é ser como o chá. Ser transparente, deixar me transparecer aos outros. Não quero ser café. Prefiro a doçura da profundidade, à amargura da superficialidade.
Talvez seja um bom objetivo para todos nós.


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